quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O sono é a ante-sala da morte,
o beijo é a ante-sala do sexo,
o azar é a ante-sala da sorte.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Poema por fazer...

Tenho uma porção de poemas por terminar
Uma porção maior ainda de amores por viver
Tenho uma porção imensa de arvores por plantar, até o próximo inverno
Há uma xícara de café em minha mesa, que está há dias por ser tomada
Tenho revoluções no terceiro mundo por tramar
Conceitos filosóficos por entender
Livros clássicos por ler
E outros tantos por escrever
Tenho coisas por fazer, assim como tenho o nada pra viver
Tenho que respirar todos os minutos do dia
E meu coração não pode parar um segundo sequer
Acho que quero férias da existência
Só por dois dias, um fim de semana
Às vezes acho que eu ainda estou por ser,
Qualquer coisa que nem sei que sou, ou seria, já que não sou!
...Metade do que eu seria, caso fosse...
Alguma coisa qualquer
Qualquer coisa que aconteça
Ainda assim está por fazer
Tenho vários poemas inacabados, por fazer,
Inclusive este...
estou em casa
pego meu chapéu
visto-o
e começo a dançar
começo a dançar
abro os olhos
percebo as primeiras gotas de orvalho
e são muitas
são minhas
as gotas são minhas
são as primeiras da estação
as gotas de orvalho são as primeiras do mundo
e eu as vi, são minhas
meu coração bate
dança em seu ritmo
ele não pode parar
sons múltiplos dominam meu ser
a riqueza se traduz em luzes multicoloridas
feitas de som
setas geométricas de energia orgânica
me atingem o peito
estamos sendo bombardeados de múons
chuva cósmica acomete meu ser
chuva cósmica
abro os olhos e
vejo as primeiras gotas de orvalho.
durmo com a certeza
que são minhas
as gotas são minhas
são minhas
são minhas
as primeiras gotas de orvalho.

(2005)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal por D. Pedro Casaldáliga

Proponho que invertamos a lógica, que tal sermos humanistas cristãos (aquilo que de melhor nos deixaram gregos-romanos e judeus) o ano todo e, hipócritas, medíocres, conservadores, mesquinhos, preconceituosos, racistas, exploradores do próximo e do distante, etc. só no dia do Natal (porque ninguém também é Santo!)!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma vez conversando com um amigo em Niterói disse a ele que o funk era mais significativo na vida das comunidades cariocas do que a escola. Ele não entendeu a frase e se indignou dizendo aquele papo todo de educação inclusiva, etc. e tal.
“Ivo viu a uva”. À esta frase Paulo Freire colocava outra, problematizando a realidade de seus alunos: “Ivo viu a uva e ela estava inacessível pela existência de cercas nas terras”.
Enquanto nós continuarmos falando que funk não é cultura, que tecnobrega é lixo cultural, nos não entenderemos porque temos uma cultura cindida, fruto de uma sociedade dividida em cercas sociais e culturais, uma sociedade desigual!
A questão não é gostar ou não de funk ou tecnobrega, a questão é entender o que eles têm a nos dizer, como cultura, sobre nossa sociedade!
A cultura popular é viva, assim como o povo, mas nem sempre eles se apresentam como quer nossa vã filosofia pequeno-burguesa, refinada nos costumes das “artes elevadas”. Cultuar o pobre de antes e sua cultura (a “beleza do morto”) é muito mais fácil e elegante do que lidar com a “cultura viva” do aqui/agora. Pobre se agita muito e deixa intelectuais, militantes e a classe média confusa (e com sensação de rejeição), assim como deixa as classes altas com medo da desordem!!
Digo e repito: o funk e o tecnobrega, por exemplo, são mais significativos para as populações periféricas do Brasil do que a educação formal!
Por que será?!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Faço a revolução pois não há mais o que fazer.
Faço a revolução pois estou vivo.
Sou socialista pois estou vivo.
Estou vivo e acredito no homem, na história e na transformação.
A única lei infalível é a da transformação das coisas.
Disse uma vez Plutarco citando Heráclito: “em rio não se pode entrar duas vezes no mesmo, segundo Herácrito”.
Disse outra vez Hesíodo em Teogonia: “bem primeiro nasceu o caos”.
Só depois nasceu a ordem, o caos é a essência da transformação, é o sinal de que tudo muda e mudará.
Por isso sou socialista, por que quem não tem utopia, nasceu pra ver a vida passar e perdeu o trem da história!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Corrigindo o horário: Será a partir das 19 horas!!

Com a presença do grande representante do rock paraense dos anos 90: Buscapé Blues!!!


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A idéia é que isso seja um samba, está em construção, vamos ver...

Serenidade me deixou
Num dia de chuva
De madrugada
Levou suas roupas
E o amor
Que construímos
Às três pancadas
...
Saudade do que nunca se teve, é vontade.
Saudade do que se teve é não se tem mais, é frustração.
Saudade do que não se quer mais, é vaidade!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Twittando a vida alheia 2!

Não são engraçados, mas eu coloco aqui assim mesmo, afinal este blog é meu porra!

Pastora Ludmila e Padre Fabio de Melo no Fautão. Pô depois as pesoas não entendem por que o Ozama e outros querem destruir o Ocidente?!!

O twitter é o único lugar do mundo que mesmo sem você ir pra lugar algum você está sempre sendo seguido!

A única coisa que posso dizer aos meus queridos seguidores é que quando a gente chegar em algum lugar eu aviso!

Durmo em média 3 hs p/ dia, assim passo mais tempo na vida acordado, porém vou morrer mais cedo por perder sono: contradições vida moderna!

Hoje é domingo, belo dia pra fazer varias vezes porra nenhuma, até cansar e resolver fazer algo serio na vida!

http://twitter.com/#!/Tony_Leao

Saravá!!

Poema de Raquel Costa.

Raquel Costa me mandou este poema por e-mail e eu o publico.

o que nos resta
é o resto
o que ficou
o que ninguém quis
o que resta é incompleto
um farelo do todo
um fragmento
o que resta
é pesado
o vento não leva
é o que fica
o que machuca
o que não acaba
e se perpetua pela vida
porque o resto
é eterno

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Dedicar-me-ei somente às putas
Pois que a vida é curta
E eu não tenho tempo
Pra tanto blá blá blá

Saudade.

Mais um poema de minha querida amiga e poeta (e integrante da Canalha), Raquel Costa. Só por curiosidade é bom dizer que Raquel tem como desejo ser cantora de cabaré barato. Infelizmente não conseguiu realizá-lo ainda, e neste meio tempo dedica-se a poemas românticos, nostálgicos, pornográficos e a trabalhar como uma pacata e discreta professorinha de escola pública.
Raquel, sabes que quando eu for rico e famoso vou comprar um cabaré só para que tu cantes. E serei um de seus freqüentadores, digo, do cabaré rs!

Deleitem-se:


Saudade é bicho escroto
se alimenta de pouco
se contenta em roer os ossos
de lembranças, de torpedos melosos.
Saudade é bicho esquisito
sobrevive no escuro,
na incerteza do futuro,
é bicho que não dorme
mas muito sonha.
Saudade é bicho sem vergonha
persegue o que lhe foge
deseja o que não pode ter.
Saudade é bicho que se recusa a morrer.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Alguns verbetes do Dicionário Politicamente Incorreto.

Academia Paraense de Letras: lugar onde a 3ª idade se reúne pra fazer exercícios físicos e outras atividades não literárias.

História: curso que você faz por teimosia, pois pra todos você não passará de um calendário ambulante.

Jornalismo: curso que você faz sem necessidade, pois tudo que você precisa saber você pergunta para o entrevistado.

Judiciário: lugar onde juízes se sentem bem, afastados do povo, e quando aparece alguns pobres eles os mandam imediatamente pra cadeia.

Medicina: curso que você faz com a itenção de salvar vidas, mas a maior parte das pessoas já morre nas filas dos hospitais.

Academia (ciencias sociais): aquele lugar onde você estuda a sociedade para ficar cada vez mais distante dela!

Ciclo das Drogas do Sertão: roda de amigos que se senta no interior da Paraíba, Pernambuco ou do Pará (ou qualquer outro sertão) pra fumar um baseado ou algo do tipo.

Alcoólicos Anônimos (AA): grupo de pessoais que costumam se reunir anonimamente pra tomar umas canas. O grupo surgiu nos EUA, na época da lei seca em Chicago e eram financiados por Al Caponne.

Alcoólicos Anônimos (AA)2: grupos de adolescentes que se reunem escondidos dos pais pra tomar pinga nos fins de semana. Muito comum nas cidades brasileiras.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Arte é aquilo que expande meu ser para além das limitações físicas do corpo
A arte é o que me faz vivo, mesmo quando estou morto

A arte é aquilo que me deixa inexaurívelmente mais forte
É aquilo que me deixará vivo, mesmo depois da morte

A arte manifesta-se no homem desde os primeiros tempos da matéria
Ela criou a beleza do mundo, desde que a vida pertencia a abjetas bactérias

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Mestre Verequete

Recentemente dei uma entrevista para o caderno “Personalidades da História” do jornal Diário do Pará, sobre o mestre do carimbó pau-e-corda Verequete.

Como se sabe o carimbó no Pará tornou-se mais popular a partir dos anos 1970, quando surgiram as primeiras gravações em LP do gênero. Neste momento também surgiram as duas principais tendências dessa música. Aquela defendida por Verequete, que pretendia manter-se fiel à “tradição” e fazer um carimbó com os instrumentos vistos na época como originais; e o carimbó “moderno” que usava instrumentos como guitarra, baixo e bateria.

Esse debate foi parecido com aquele travado com o aparecimento do Tropicalismo de Caetano, Gil e companhia em termos nacionais...
Quem quiser saber um pouquinho mais acesse a matéria na integra em:

http://ee.diariodopara.com.br/Default.aspx?pID=69

Grato!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Não amo nada
Nem sequer a mim mesmo
Não quero, não tenho, não sou, vago a esmo
Não possuo desejos
Nem de beijos, nem de abraços
Só possuo a mim mesmo ou aquilo que faço
Sou pedra, sou rocha
De intensa e rija estrutura
Escondido no peito marmóreo, habita apenas finada candura

sábado, 27 de novembro de 2010

Templo.

Meu templo,
um vão entre pernas,
lugar sagrado da boemia.
Me escondo neste escuro templo,
arranjo de devoção mundana,
refúgio dos fracos e amparo dos oprimidos.
Meu templo, caverna onde o mito se refugia.
Não olho o vão,
alieno-me em gozo.

Autores: Tony Leão e José Dias Júnior

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Acho que até o poema tem que saber quando calar. Pois que a beleza não depende do ruído. E a poesia não depende o poema.

Resolvi transformar isso em um poema:

Creio que até o poema
deve saber quando calar
pois que a beleza não depende do ruído
e a poesia não depende do poema

Método dialético-etílico.

Creio que eu o tenha inventado, quem sabe vai revolucionar as ciências sociais e sobretudo as ocultas. Consiste basicamente no seguinte método:

Método dialético-etílico: pesquise e leia muito, quando o cérebro estiver pra explodir tome cervejas (e outras coisinhas mais!) e o texto sai pronto depois da ressaca.

Porém, como todo método pode apresentar suas dificuldades teórico-etílicas, é bom lembrar dos efeitos colaterais:

Efeitos colaterais do Método Dialético-etílico: as melhores idéias aparecem sempre no bar, o foda é lembrar-se delas ao chegar em casa bêbado!

Saravá!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nem tudo que se faz se entende.

(para uma amiga, que assim como eu, não entende porque as coisas são da maneira que são)

Nem tudo que se faz se entende,
nem tudo que se quer se tem,
nem toda religião é igreja
e nem pra todo deus se diz amém!

24 de Novembro.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Manual de como chegar e sobreviver na Amazônia.

Recentemente no twitter vi que alguém, realmente não lembro quem, havia feito uma manualzinho de como ir para a Amazônia, as vacinas que deveriam tomar, como chegar aqui e ali, o cuidado com os jacarés, etc.
Ora de fato, creio que seja bem interessante manuais turísticos para qualquer lugar do mundo. Por exemplo, às vezes que fui às grandes cidades do Brasil, senti falta de saber as vacinas que tinha que tomar, onde conseguir ou não craque, etc. De fato até hoje não sei quais as endemias que existem nestas regiões, mas sobrevivi, afinal, não sou nenhum idiota.
Mas o que me chamou a atenção mesmo foi a visão idiotizada da Amazônia. Aquela estereotipada, homogeneizadora, exótica, etc. que coloca tudo com uma grande floresta cheia de animais exóticos e selvagens... o que não deixa de ser (também!) verdade, obviamente.
Fiquei pensando então num outro manual, que serviria muito bem pra Amazônia, uma das tantas Amazônias dentro da mesma região. Um dos manais possíveis seria muito simples e qualquer idiota de qualquer parte do país e do mundo poderia seguir, tanto que fosse minimamente alfabetizado. Poderia ser assim, por exemplo:
“Pegue um avião na sua cidade de origem. Desça em Belém ou Manaus. Ao sair do aeroporto internacional destas cidades, pegue um taxi. Dê o endereço para o taxista e vá para o hotel (mas não use frases do tipo: ‘mim ser homem branco, você ser...’). Cuidado para não ser assaltado quando estiver de bobeira fotografando a cidade e olhe para os dois lados antes de atravessar as ruas, para não ser atropelado por carros, jacarés ou botos!”
Bom, mas como disse, este é um dos vários manuais possíveis para uma gigantesca região do globo que é heterogênea, multiétnica, multicultural, multinacional, etc.
Se quiserem outros roteiros procurem na internet, ficarei neste por hora!
Contudo, convido todos a virem conhecer a Amazônia, mas com cuidado e muita calma, pois, como diria a música do grupo Mosaico de Ravena:
“Quem quiser venha ver, mas só um de cada vez, não queremos nossos jacarés, tropeçando em vocês...”



PS.:

Pensei que estaria claro no texto acima que eu não estou dizendo que todos os sulistas ou sudestinos ou pessoas de outras regiões são idiotas e têm algum tipo de preconceito sobre a Amazônia. Pretendo dizer apenas que há muito preconceito e desconhecimento contra a Amazônia por muitas pessoas (não todas obviamente!) de outras regiões do Brasil, mas não só por eles, mas por muitas pessoas no mundo todo.
Porém, como uma amiga disse que meu texto pareceu excessivamente bairrista e regionalista (creio que ele tenha razão nisso), quero deixar claro que não se trata disso: não estou usando termos como “todos”, refiro-me a muitos casos, mas nunca a “todos”.
Neste sentido corrigi o texto eliminando palavras que pudessem aparentar alguns tipo de resposta preconceituosa a outros preconceitos.
Aqui estou criticando única e exclusivamente aquelas visões muito preconceituosas e rasteiras sobre a Amazônia e sua população. São estas visões preconceituosas que devem ser criticadas e é exclusivamente a elas que lanço a ironia do texto acima. Não pretendo revidar preconceito com outro tipo de preconceito e generalização. Isso seria no mínimo um bairrismo idiota. Que fique bem claro isso.
É obvio que a Amazônia é espaço muito pouco conhecido por muitas pessoas, inclusive pelos próprios amazônidas, em muitos casos.
Assim, agradeço à critica construtiva lançada ao texto.

domingo, 21 de novembro de 2010

agora eu não estou aqui.

9 considerações sobre a existência humana

(Para Bruna Sichi Gonçalves e Pedro Braga).


I

Habitam o planeta,
divididos em V categorias:
Plantas
Minerais
Seres humanos
Vegetais
E entes bebentes.

VII

Categorias em atividade ilícitas, segundo a constituição brasileira.

10

Plantas, não vegetais...

XX

Jurubebas.

3

Urânio

e tais


Etecetera e tal.

sábado, 20 de novembro de 2010

II Encontro de Estudantes de História da ESMAC

Caríssim@s, vou participar do evento abaixo, em uma mesa redonda junto com o Prof. Maurício Costa e Edvânia Alvez. Além disso no encerramento terá um evento no Coisa de Nego, em Icoaraci, com as bandas de nossos amigos do "A-Corda Bamba" e do "Auvai-te Penoso". Quem quiser apareça lá (na academia e na parte cultural).

Abraços a todos e todas.



O II Encontro de Estudantes de História da ESMAC tem como objetivo viabilizar um intercâmbio acadêmico entre alunos e docentes do curso de História de diferentes Instituições de Ensino Superior. O Encontro propõe, através do cotejamento das diversas abordagens historiográficas, oferecer um contributo para o entendimento da multiplicidade das identidades na Amazônia, o que ajudará na formação profissional dos graduandos e na troca de experiências e conhecimentos. Além disso, o II Encontro de Estudantes de História da ESMAC contará com a presença de profissionais de diferentes Instituições de Ensino através de palestras e oficinas que serão ofertadas.


Programação
24 de novembro, quarta-feira
17:00h-18:30h: Credenciamento
19:00h: Abertura: Identidade negra na Amazônia
Profª. Drª. Zélia Amador de Deus (UFPA)
Profª. Drª. Taissa Tavernard de Luca (SEDUC/UEPA)

25 de novembro, quinta-feira
17:00h-18:00h: Oficina História e Cinema
Profº. Ms. Fernando Rocha (SEMEC/SEDUC)
18:00h-19:00h: Oficina Das telas aos jornais: Guerra e cinema em Belém durante a II Guerra Mundial
Prfº. Ms. Allan Pinheiro (SEDUC/ESMAC)
19:00h-20:00h: Oficina Museu, Memória e Identidade
Profª. Ms. Dayseanne Ferraz (SECULT/ESMAC/FIBRA)
20:30h-22:00h: Mesa redonda: Identidades na Amazônia Contemporânea
Profº. Drº. Mauricio Costa (FAHIS/UFPA)
Profº. Ms. Tony Leão da Costa (SEDUC)
Profª. Ms. Edivânia Santos Alves (Escola de Governo/UFPA)

26 de novembro, sexta-feira
17:00h-18:00h: Oficina História e Cinema
Profº. Ms. Fernando Rocha (SEMEC/SEDUC)
18:00h-19:00h: Oficina Das telas aos jornais: Guerra e cinema em Belém durante a II Guerra Mundial
Prfº. Ms. Allan Pinheiro (SEDUC/ESMAC)
19:00h-20:00h: Oficina Museu, Memória e Identidade
Profª. Ms. Dayseanne Ferraz (SECULT/ESMAC/FIBRA)
20:30h-22:00h: Mesa redonda: Identidades no período das lutas pela independência no Grão-Pará
Profª. Drª. Shirley Nogueira (ESMAC)
Profº. Ms. Adilson Brito (UFPA - Campus Bragança)

Evento Cultural
26 de novembro, sexta-feira
22:30h Espaço Cultural Coisa de Negro
End: Av.Lopo de Castro, 1082 Próximo a Sexta-rua - Icoaraci
Atrações: Banda Lauvaite Penoso, Banda Corda Bamba, Banda Brigue Palhaço
Ingressos antecipados: R$3,00
Ingressos na hora: R$5,00

Inscrições
Período: 22, 23 e 24 de novembro, a partir das 17h
Local: ESMAC - Escola Superior Madre Celeste - Cidade Nova VIII, Estrada da Providência, 10. Ananindeua – PA
Valor: R$ 10,00


Informações:
Para maiores informações, entre em contato com a comissão organizadora do evento:
Profª. Drª. Shirley Nogueira e-mail: shirley-nog@hotmail.com
Profª. Ms. Danielle Moura e-mail: mouras02@uol.com.br

Dia da Consciência Negra!

Dia 20 de novembro, dia da consciência negra, me lembrei de uma história que ocorreu comigo no primeiro ano em que estava em Belém. Pra quem não sabe, eu nasci em Belém, mas morei muitos anos em uma cidade do interior do estado, Igarapé-Miri, e voltei a morar na capital quando passei no vestibular para história em 1996.
Na época não tinha onde morar. Inicialmente fiquei na casa de uma namorada, depois fui pro bairro do Jurunas, periferia da cidade, para uma vila na Rua Osvaldo de Caldas Brito. Uma vila muito simples, toda de madeira, de casas coladas umas às outras. Na verdade eram pequenos quartos sem banheiro interno (o banheiro era externo e coletivo).
A maior parte das pessoas que morava lá era de uma mesma família. Eram muitos garotos e garotas, adolescentes, vários tios e tias, pais e mães... Uma típica vila de família pobre da periferia de Belém, nas quais de acordo com o aumento do numero de pessoas os quintais vão se tornando novas casinhas para filhos, netos, sobrinhos, irmãos, etc.
Boa parte dos garotos e meninas vivia pelas ruas do bairro, eu era o único universitário da vila. Conversava com todo mundo normalmente, mas meu grupo mais íntimo acabava sendo meus novos amigos da universidade. Ouvia-se falar de pequenos assaltos, furtos, uso de drogas por parte destes garotos. Para muitos da redondeza, lá não passava de uma vila de “marginais”. Numa cidade de maioria mestiça de índios com negros, índios com negros e brancos caboclos, etc. aquela vila era uma vila de negros, de pessoas de cor.
Possivelmente minha mãe e eu seríamos os únicos não negros. Minha mãe, apesar de ser cabocla interiorana, é muito clara, o que a faz ser vista pela maior parte das pessoas como “branca”. Eu sou mestiço de caboclo amazônida e cearense. Tenho a pele morena clara (aquilo que o IBGE chama de “pardo” – não me perguntem o que é isso!), com visíveis traços indígenas no rosto, mas que naquele contexto também era visto como “branco” pelas pessoas da vila ou da redondeza (claro que considerando que ideologicamente as pessoas pouco se definem como negros ou índios em nossa região – preferem ser chamadas de “morenos” ou algo do tipo).
Certa feita estava no meu quartinho, minha mãe havia saído pra algum lugar, e de repente escutei uma barulheira danada. Gritos, pancadaria e tiros. A polícia havia invadido a vila com toda força. Bateu em quem encontrou pela frente, não perguntou quem era ou não era supostamente criminoso, espancaram mulheres e até mesmo um senhor cadeirante, que não tinha a menor chance de defesa.
No meio do tiroteio, correria e pancadaria a única coisa que pensei foi me esconder dentro de casa, pra evitar levar uma bala perdida (na verdade bala achada) na cabeça. E lá fiquei. Minutos depois as coisas se acalmaram um pouquinho, mas a polícia ainda estava por lá. Então resolvi sair e voltar só quando a poeira tivesse baixado. Pensei: como vou sair, será que os caras vão me “baculejar”, vão perguntar alguma coisa?
Criei coragem, coloquei uma roupa de “pessoa de bem” (ou seja, uma roupa que mostrasse que eu não era um garoto da rua, pelos padrões do preconceito normal da sociedade e da polícia) e sai.
Passei na frente do policial que estava com a arma em punho. Ele me olhou, eu olhei pra ele, pedi licença e sai. O policial não perguntou nada, não me revistou, não fez nada.
Daí me veio a seguinte pergunta: será que seu eu fosse uma pessoa visivelmente negra e estivesse vestido com roupas que são identificadas pelo preconceito vigente como roupas de marginais em Belém, não teria sido preso ou levado porrada como aconteceu com os demais moradores da vila? (essa questão das roupas é um elemento à parte: a maioria dos ditos “marginais” adolescentes de Belém se vestem com um tipo particular de moda: shorts de surfistas, bonés, camisetas com imagens e desenhos vivos, etc.)
Bom, a resposta todos já sabem...
Mesmo que eu não fosse o padrão de beleza Rede Globo (muito pelo contrário, sou um caboclo, cara redonda, cabeça chata, indígena, amazônico e pobre!), naquele contexto, numa favela, de maioria negra, o preconceito racial me atingiu muito menos do que aos outros moradores. À eles o ódio racista e o preconceito de classe se manifestou na violência policial de forma aberta! Para polícia tratava-se de marginais, bando de vagabundos, negros e negras pobres e inúteis na sociedade, pobres por opção de malandragem...
Nossa sociedade é sim, obviamente, claramente, objetivamente racista. E o racismo se reforça com o preconceito de classe, preconceito contra os pobres de uma maneira geral.
Muitas vezes discordei de amigos meus que fazem parte do Movimento Negro, por considerar que às vezes eles esquecem, ou dão pouca ênfase, à questão do preconceito de classe. Para mim não é uma questão de ser o preconceito racial menor que o de classe, ou vice-versa. Pra mim é exatamente um processo complexo de auto-alimentação de preconceitos, de racismo, de xenofobia (por exemplo, no caso de nordestinos em São Paulo), homofobia (tantos caso em evidencia na mídia nos últimos dias), machismo, etc. Mas é certo que o preconceito racial (em particular contra negros) é muito forte e merece uma atenção especial e uma organização especial dos movimentos sociais. Neste sentido o Movimento Negro e toda a sociedade têm que denunciar sempre, mas também têm que estar atentos as peculiaridades locais.
Não tenho certeza, mas, parece que naquele dia o preconceito racial falou mais alto que o preconceito contra pobres (não ser visivelmente negro para os padrões belenenses e da polícia) e isso me safou da pancadaria geral. Isso mostra que o preconceito racial é muito vivo, é objetivo, é claro e deve ser combatido. Obviamente que naquele contexto eu não poderia argumentar com a polícia, sedenta de bater em quem aparecesse pela frente. O melhor que pude fazer, acredito eu, foi sair do lugar até as coisas se acalmarem...
Porém, outra questão deve ser considerada no contexto paraense e belemense, em particular. Aqui há não só um preconceito no sentido de atitude ativa de agressão a um determinado grupo racial ou étnico, há também uma atitude de invisibilidade a determinados grupos. E neste caso refiro-me especificamente á grande maioria da população que é mestiça, em várias perspectivas, mas trás a marca do ser indígena no rosto. A grande maioria da população de Belém é indígena em sentido biológico, e fruto de um complexo processo de mistura com negros, brancos, nordestinos de vários momentos migratórios, etc, etc. Grosso modo, nas periferias da cidade são índios que vemos todos os dias. Eles são os vendedores de rua, os cobradores de ônibus, os garotos de esquina, os estudantes de escola pública, os flanelinhas, os vendedores do Ver-O-Peso, os produtores e consumidores da cultura “brega” que toma a cidade, os moradores do Jurunas, do Guamá, da Condor, da Cremação, da Terra Firme e de tantos outros bairros periféricos de Belém, das cidades do interior, etc.
Em Belém e no Pará o preconceito racial contra negros se confunde com o preconceito contra a população mestiça de fortes características indígenas e soma-se tudo isso à condição social de pobreza e exclusão.
A invisibilidade da população indígena se manifesta primeiramente no seu não reconhecimento enquanto habitante das cidades e da periferia. Quem se define como descendente de índio em Belém, mesmo que como descendente mestiço, distante das aldeias obviamente?
Em segundo lugar essa invisibilidade se manifesta na visão folclórica da cultura local: diz-se que nossa comida, nossos costumes, nossas danças e músicas são de origem indígena (o que são de fato, em grande parte); cultuam-se os ribeirinhos, os canoeiros, os plantadores e consumidores de açaí, o caboclo, mas ninguém se auto-define como tal, ninguém se auto-define como caboclo ou descendente de índios. O culto ao caboclo (que seria o herdeiro direto do índio) ocorre apenas nos discursos políticos populistas locais, de acordo com as necessidades de votos a cada dois anos. E também entre alguns defensores do folclore, que é sempre visto como algo do passado, em extinção, exótico e, portanto não vivo e ativo.
A nossa cultura sempre é vista como a cultura passada, morta, que precisa ser salva e, conseqüentemente, o índio que teria gerado tudo isso, é também um personagem folclórico, morto, cultuado pelo presente, que é distante dele. Não é à-toa que a população urbana tem um afastamento histórico com as comunidades indígenas, que se auto-definem como tal, nas aldeias e reservas.
São as nuances do preconceito racial em nossa região. Ele é mais complexo do que se imagina, mas independentemente disso é real, objetivo, e atingem os pobres, negros, mestiços, índios e caboclos todos os dias, a toda hora!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sobre o amor.

Hoje acordei ouvindo Leopardo de Vital Lima, clássico do cancioneiro dos anos 80, melodia e letra fantásticas:

“Tu que e mimas
Que me beijas os sinais dos rastros
Que enlouqueces preso às minhas crinas
Quando estamos voando nos astros.
Tu que me moras
Que me curas da febre em que ardo
Dentro de ti caminha um leopardo
Que luta com a solidão."

Mais tarde entrei no Facebook de Fabio Pessoa e estava rolando um papo sobre amor, entre ele e outra amiga. Daí pensei nesta definição, inspirada em tudo isso:


"Amar é morar no outro e ser morada alheia. E torcer pra que a casa não caia!"

Será que é isso também?

História 90" mais uma vez!

Meu povo e minhas povas, não tenho postado muita coisa atualmente pois estou empolgadíssimo com nossa festa História 90' e só tenho pensado nisso ultimamente. Sendo assim , se você entrar aqui estes dias verá que o que está bombando mesmo é a postagem ai a baixo.

Logo logo colocarei coisas novas aqui!

Saravá!!!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

História 90'

Dia 18 de dezembro faremos uma festa temática lembrando nossa vida universitária no curso de história (e vizinhança) na UFPA dos anos 90.
A idéia é juntar o maior numero de pessoas que conviveram na “beira do rio”, no forró do Vadião, Nas festas da CU (Capela Universitária), nas rocadas da Galeria, nos eventos do movimento estudantil, nos encontros de estudantes, nos bares da Perimetral, no “copo sujo”, no “Bar do Mezenga”, no Universibar, na militância em CAs e DCE, etc, etc. (PS.: e aqueles que freqüentavam as disciplinas também...)
A iniciativa é da turma de história de 1996 e da Canalha, grupo de amigos formado nesta época que se reúne até hoje em encontros cotidianos e em um bloco de carnaval com este nome (O Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão). Mas a idéia é juntar pessoas de outros anos (antes e depois de 1996) e de outros cursos (geografia, filosofia, letras, ciências sociais, etc.) que de alguma maneira viveram a vida universitária dos anos 90 na UFPa, sendo universitários ou mesmo perambulando pelos corredores dos blocos, pela beira do rio, e por todo os demais eventos e lugares já citados, etc.
O fato é mais ou menos o seguinte: acreditamos que quando chegamos à casa dos 30 e uns trocados (ou uns graúdos) começamos a pensar que talvez já estejamos na metade da vida (claro que isso é apenas uma possibilidade, pois podemos morrer até com 100 anos, em tese). Daí que começamos a ter saudade das coisas que vivemos na adolescência/juventude, e de coisas que achamos que vivemos, que nossos amigos viveram, que queríamos ter vivido, que inventamos pra nós mesmo que vivemos, etc. Daí passamos a inventar nossa memória e nossa geração cultural/musical.
Nós já estamos nessa! Se vocês já estão nessa fase da vida é só chegar junto na História 90’.
Levem suas fotografias, suas lembranças, poemas, fofocas, filhos, maridos e mulheres... Esperamos tod@s lá!!


Convidamos a tod@s a lembrarem as coisas, lugares, eventos, pessoas que mais lhes marcaram na UFPA nos anos 90. À Vontade pra comentar!!!


Dados do evento:
Dia 18 de Dezembro
Bar Velharia (antigo Carpe Diem). 16 de Novembro com Av. Tamandaré, na Praça Amazonas.
À partir das 14 hs

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Chuva.

Todos os dias acordo com um poema, hoje acordei com uma canção: dó, ré, mi, fá da chuva nos telhados de Santa Maria de Belém do Grão-Pará:


É bonita a música da chuva no telhado de zinco, ao amanhecer,
nas periferias de Santa Maria de Belém do Grão-Pará.
Dó, ré, mi, fá... dizem as gotinhas...
E o caboclo acordou ouvindo música
e por um minuto esqueceu-se da vida...

15 de novembro de 2010.

domingo, 14 de novembro de 2010

Prometo que a próxima coisa que farei, quando terminar de pensar em coisas inexistentes, será pensar na estranheza das coisas existentes.

Do problema de alimentar manadas de animais inexistentes.

Para uma amiga que toma chá de folha de jurubeba, em Niterói.

Atualmente tenho pensado na inexistência das coisas.
Penso, sobretudo, em plantas e animais que não existem.
Pergunto-me se existiram plantações de jurubeba
ou manadas de orfintos ou de tamandes nadadores,
aqueles que habitam os mares gelados da Groelândia.
Dirigir-se-iam estes quadrúpedes para as plantações de jurubeba,
donde se deleitariam em tão saborosa flor?
A inexistência é muito complexa e às vezes enfadonha,
mas, tenho certeza que se não fizermos algo urgentemente
no próximo inverno, as imensas plantações de jurubeba
poderão não ser suficiente para alimentar toda a humanidade.
E principalmente não serão suficientes para alimentar os animais inexistentes.

14 de novembro de 2010.

sábado, 13 de novembro de 2010

Canção de amor.

talvez eu compre uma camisa branca no verão
talvez a chuva seja mais breve amanhã
talvez eu seja mais feliz
talvez alguém famoso morra e o ar se encha de novidades
talvez a manhã amanhã seja bela
e me lembre belas manhãs de julho
talvez eu sinta caroços de areia nos pés
talvez eu fique cansado do mundo e mude para outro planeta
ou talvez eu simplesmente me transforme em uma pedra ou em uma barata

talvez não lembre de nada amanhã
e essa canção nossa toque como um fundo musical
como se eu estivesse em um filme
posso receber presentes e podem ser fotos
pior é no Sudão que não tem comida

vou ficar a noite toda ouvindo a canção e não dormirei jamais
talvez me engaje em algum movimento revolucionário
ora, tem gente que acredita em Deus!
às vezes queria ser religioso
não queria ler tantos livros
não queria ter sempre opinião
queria que provassem que sou uma fraude
mas, essa não é uma canção de desespero
estou falando de amor

(2007)

Pergunta concreta

cadê
cada
onde?
onde
anda
cada
cadê?

(14/01/2007)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Norte da Canção: diálogos entre história e música popular brasileira

Caríssim@s, vou participar deste seminário em uma mesa redonda e em um mini-curso. divulguem se interessar.
Ocorrerá na UFPA.

Inscrições: a partir do dia 15/11/2010
Investimento: Alunos (graduação e pós-graduação) R$15,00 (quinze reais); profissionais R$20,00 (vinte reais).
Informações: e-mails: ahistoriaemcantos@gmail.com e cleodirmoraes@uol.com.br
Telefones: 8853-7453 (Cleodir) ou 81118661 (Rodrigo)


O projeto “A História em Cantos”, patrocinado pelo Programa de Apoio a Projetos de Intervenção Metodológica (PAPIM/PROEG), desde 2008, propõe-se enfrentar um desafio, através da manutenção de um fórum específico para o diálogo entre pesquisadores, professores e estudantes de História, e de disciplinas que utilizam a música na pesquisa ou no ensino, através da realização de seminário temática. O II Seminário de História e Música, intitulado “O Norte da Canção: diálogos entre história e música popular brasileira”, visa dar continuidade às discussões iniciadas em 2008, através de mini-cursos, palestras e mesas-redondas voltadas um público diversificado composto por alunos da graduação e da pós-graduação e de professores da educação básica do Estado.
As mesas redondas serão compostas pelos professores Ângela Tereza de Oliveira Corrêa, Antônio Maurício Dias da Costa e Cleodir Moraes (UFPA), Edilson Mateus Costa da Silva e Tony Leão da Costa (SEDUC) e Andrey Faro de Lima (IPHAN), todos com pesquisas voltadas pela o estudo da música popular em suas diversas manifestações (modinhas, MPP, MPB, brega, festas de aparelhagem etc.). O objetivo é garantir um espaço de apresentação e discussão das pesquisas realizadas por pesquisadores que focalizam experiências musicais que não necessariamente se prendem aos temas e compositores já consagrados pela literatura especializada, mas motivadas por problemas de análise que extrapolam o meramente local ou regional, contribuindo assim para um repensar da história da música popular brasileira.
As palestras serão ministradas por pesquisadores convidados, cujos trabalhos, em geral, servem de referência para novas pesquisas no campo da história cultural do Brasil, a partir da apresentação de novas fontes e novas formas de abordagem dos embricamentos entre processo histórico e as experiências musicais do país. São eles os professores Arnaldo Daraya Contier (USP/Mackenzie), Miliandre Garcia de Souza (UFVJM) e Adalberto Paranhos (UFU), que têm publicados livros e artigos científicos em revistas especializadas, de âmbito nacional e internacional, sobre o assunto.


O Norte da Canção:
diálogos entre história e música popular brasileira
PROGRAMAÇÃO
14/12 – Terça-feira
16h – 18h - Mesa de Abertura: Pesquisa, Ensino e Extensão: diálogos pertinentes
Pró-Reitora de Ensino
Diretora de Projeto/Proeg
Diretora da Escola de Aplicação
Coordenador do Projeto
18:30h – 20h - Palestra de Abertura: Edu Lobo e os festivais da música popular brasileira nos anos 60.
Prof. Dr. Arnaldo Contier (USP/Mackenzie)
15/12 – Quarta-feira
16h – 18h - Mesa Redonda: Historia e Historiografia da Música Popular Brasileira sob novos olhares.
Prof.ª Dr.ª Ângela Tereza de Oliveira Corrêa (UFPA)
Prof. M.Sc. Edilson Mateus Costa da Silva (SEDUC)
Prof. M.Sc. Cleodir Moraes (UFPA)
Mediador:
18:30h – 20:30h - Mesa Redonda: Música, Festa e Pesquisa Histórica no Pará.
Prof. Dr. Antônio Maurício Dias da Costa (UFPA)
Prof. M.Sc. Tony Leão da Costa (SEDUC)
Prof. M.Sc. Andrey Faro de Lima (IPHAN)
Mediador:
16/12 – Quinta-feira
15h – 18h – Mini-Cursos
18:30h – 20h - Palestra: Do teatro militante à canção engajada
Prof.ª Dr.ª Miliandre Garcia de Souza (UFVJM)
17/12 – Sexta-feira
15h – 18h - Mini-cursos
18:30h – 20h – Palestra de Encerramento: Política e cultura: a Bossa Nova e o debate sobre os caminhos da música popular nos anos 50 e 60.
Prof. Dr. Adalberto Paranhos (UFU)

MINICURSOS
Entre o fuzil e as frestas: música popular em tempos de ditadura militar no Brasil
Prof. Dr. Adalberto Paranhos
Arte engajada no Brasil
Prof.ª Dr.ª Miliandre Garcia de Souza
Música Popular e Ensino de História
Prof. M.Sc. Cleodir Moraes
Imagens da canção: A MPB nos videoclipes (1970/80)
Prof. M.Sc. Edilson Mateus Costa da Silva
Música e cultura popular na Amazônia: tradição e modernidade no caso do carimbó
Prof. M.Sc. Tony Leão da Costa

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Clave de sol.

Acho que estou encantado por uma clave de sol
Não porque seja sol, e estes dias estão quentes
Não porque seja, talvez, embalada por um violão seresteiro
Acho que estou encantado com as cores da clave
E sua vibração e sua cor vermelha
No fundo acho que a clave de sol é uma cor
Por que alguém em sã consciência se apaixonaria por uma clave?
Ainda mais uma clave de sol
Por que não me encantar por uma clave de lua?
Já que a lua tem mais fases
Movimenta as marés
Provoca uivos noturnos
Alimentas seresteiros
Mas o que posso fazer?
Quero tocar na clave de sol
E ver se não me queima
Ou se de lá sai alguma melodia

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Meia noite.

A noite é morna às vezes
Escura e fria, outras tantas
A noite é tudo infinito-incerteza
E isso sempre, sempre me espanta
Tem noite que penso sobre a morte
E sonho com meus medos mais profundos
Nas noites me encontro com a sorte
Ou com todos os azares do mundo

Boa noite!

Meia noite, 09 de novembro de 2010
Ando meio desligado, eu nem sinto meus pés no chão...

domingo, 7 de novembro de 2010

Instituto Amazônia Cultural - IAC

Acabei de receber meus amigos do IAC (Instituto Amazônia Cultural) que desenvolvem um importante trabalho com adolescentes na Terra Firme. O IAC tem como lema a frase "A criança que toca um instrumento, jamais empunhará uma arma".
O IAC, dentre outras coisas, desenvolve atividades com adolescentes, a partir da música, oficinas de violão, na Terra Firme.
Quando o estado não cumpre o seu papel social, as comunidades se organizam. A atuação de ONGs como esta é de suma importância pra bairros pobres como a Terra Firme. Todo apoio é bem vindo.
Pra saber mais http://blogdoiac.blogspot.com/.
Conheçam, divulguem, apóiem!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ana Júlia.

Concordo que Ana Júlia perdeu para si mesma e para seus assessores. Mas as coisas sempre são mais complexas do que pensamos. Ela perdeu também para a ideologia: muito ex-petistas, intelectuais, funcionários públicos descontentes e demais pessoas entraram na lógica do discurso da “incompetência” como sendo uma característica inerente à mulher. Estava subjacente às críticas à suposta incompetência da governadora certo preconceito contra a mulher.
Obvio que o governo foi ruim comparado às expectativas que tínhamos! Isso é um fato real, objetivo, mas este fato foi amplificado pelos microfones da ideologia e pelos resquícios de preconceito contra a mulher que nossa sociedade tem.
Por outros motivos isso não se deu com a Dilma, pelo menos não com a mesma força, apesar da tentativa de tachá-la de inexperiente. Talvez a presença do Lula, muito mais perto no caso dela, tenha anulado um pouco isso. E mesmo sua trajetória pessoal, de tecnocrata por excelência, tenha anulado esta perspectiva.
Talvez isso seja uma prova de que a ideologia ainda tem muita força no discurso político conservador, mas também é prova de que um governo pouco eficiente (como foi o caso do PT no Pará) possibilita que velhos preconceitos sejam retomados e reforçados.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Finados.

meus mortos
estão todos muito vivos
não morreram de overdose
muito menos de morte natural
morreram de inanição
vou visitá-los
antes que eles decidam me visitar

Poema.

Durmo,
pois a realidade é demais pesada e suja.
Sonho,
pois acordar pra dentro de mim é melhor do que estar acordado no mundo.
Morro,
pois tudo acaba algum dia.

sábado, 30 de outubro de 2010

Declaração de voto no segundo turno!

Com respeito a muitos amigos meus, votar nulo na conjuntura paraense significa votar no PSDB. O voto nulo tem sentido quando representa uma postura política estratégica e coletiva, que tenha efeito prático e/ou simbólico progressista. Fora isso representa uma rebeldia individual pueril. Voto contra o PSDB, mesmo tendo minhas críticas ao gov. Ana Júlia. Voto contra todo o conservadorismo político, contra toda a caretice, contra todo o elitismo, contra todo o retrocesso social que o PSDB representa para o Brasil e para o Pará! Voto 13, voto Ana Júlia e Dilma no segundo turno!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sexo, sexta...

Hoje é sexta-feira, dia mais que propício pra se falar de sexo. Dou a palavra a Raquel Costa.


PEQUENO POEMA PORNOGRÁFICO

Quero que me comas...
com os olhos, me devores.
Quero que me toques
com tesão e ternura,
e no meio da fervura
quero que grites meu nome,
me mordas, me arranhes
me sugues,
a energia, o fôlego.
Quero que teu corpo
me pese na carne
quero que me craves os dentes
no pescoço, nos seios
que me puxes os cabelos
e me beijes com carinho.
E nesse ninho de pernas,
a vida se faz plena e bela..
E depois de todo orgasmo,
quero que descanses nos meus braços
e sussurres meu nome
e me beijes os olhos
e adormeças no meu colo.

(Raquel Costa)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Vejo lágrimas.

Encontro-me no Rio de Janeiro, na Rua do Ouvidor, no centro da cidade.
Caminho de lá pra cá.
Vou até a Rua do Mercado ver a movimentação. Vou e volto.
Na esquina pode estar o Chico Viola se preparando pra entrar na Casa Edson na mesma Rua do Ouvidor nº 107. Quem sabe ele não vai fazer hoje uma gravação qualquer.

Quem sabe mais adiante encontro Osvaldo Vasques e Ventura que acabaram de compor o samba “Vejo lágrimas”, quem sabe não encontro Antônio Moreira da Silva e o grupo Gente do Morro preparando-se para entrar na Casa Edson e fazer a gravação desta mesma canção.

O sol do Rio de Janeiro está ameno hoje, já começa a dar certo friozinho. São 10 da manhã. Vou caminha até a confeitaria Colombo e tomar um café. Dormi mal ontem e noite e tenho que caminhar muito ainda, mas já começa a dar sono...
Não sei exatamente que dia é hoje, em que ano nós estamos, 1929, 1932? Não sei..
Vou partir... parto... vou e volto... mas, vou cantarolando uma canção do momento...

Vejo lágrimas

Autores: Osvaldo Vásques e Ventura
Interpretes: Antônio Moreira da Silva e Gente do Morro

Vejo lágrimas
Eu não sei se é sentimento ou fingimento teu
Tens os olhos rasos d’água
Eu não sei se isso é mágoa ou alguém que te enganou
Confessa ó flor
Se choras por alguém que te enganou
Te conformas que Jesus também se conformou
Mas se o teu pranto é falsidade
Hás de choras toda vida e não terás felicidade
Por que choras?
Vejo lágrimas
Eu não sei se é sentimento ou fingimento teu
Tens os olhos rasos d’água
Eu não sei se isso é mágoa ou alguém que te enganou
Confessa oh flor
Se choras por alguém que te enganou
Te conformas que Jesus também se conformou
Muito mais sofreu Jesus para nos salvar e não chorou

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sozinho.

Caminhei a noite inteira em teu descaminho,
ao amanhecer só me restou seguir o meu...
sozinho!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sexta-feira.

Sexta-feira

caríssim@s, estive contido em meu emimesmamento nos últimos dias, mas foi uma passagem filosófico-poético-existencialista transitória.
Retornei à realidade obscura de nossos dias comuns e cheguei à seguinte conclusão sobre o ser, o estar, o devir e o caralho a quatro (e a cinco também): o samba dos anos trinta é muito bom! É Bom pra caralho na verdade.
Na verdade não consigo parar de ouvir essa rapaziada toda que gravava na Casa Edson.
Sendo assim recomendo pra quem quiser que ouça sambas dos anos 30 e 40 do século XX.
Fora isso, continuo acabrunhado com a política nacional. E não vou fazer comentário nenhum sobre isso, a não ser este: Pare o mundo que eu quero descer!
Deixem-me ver se há outras novidades...
Ah tem!
Cheguei à conclusão fantástica de que o apolíneo e o dionisíaco de que nos fala o filósofo alemão pode ser entendido em linguagem dos anos 30 (nos morros cariocas) como: Malandro é malandro, mané é mané.
Inclusive pensei se Hesíodo no verso um de Teogonia, quando fala “bem primeiro nasceu o caos”, não estava se referindo a isso também...
Bom, mas ainda estou trabalhando nisso, quando chegar a uma conclusão vou fazer um livro de auto-ajuda e ficar rico.
Por enquanto tenho apenas isso a dizer: O malandro aprende, o mané nem sempre ou: a malandragem se aprende, a otariedade é congênita.
Como hoje é sexta-feira desejo uma feliz qualquer coisa a tod@s.
Saravá!

Ver coisa qualquer.

um símbolo apenas
um sinal
qualquer coisa
uma coisa
qualquer coisa uma
qualquer coisa
um símbolo apenas
um sinal
qualquer coisa coisa qualquer
umacoisacoisaqualquer
qualquer coisa uma coisa uma qualquer
que me faça ver no horizonte
qualquer coisa qualquer...
só um sinal, uma fagulha, faísca, fumaça, frações, frascos boiando no mar, uma carta, uma garrafa
qualquer coisa
coisa uma qualquer...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Para Tony Leão da Costa

Poema de Fábio Pessoa em resposta ao poema imediatamente abaixo.

Houve um tempo em que as certezas eram absolutas.
Houve um tempo em que não havia certezas
Hoje, entre promessas, certezas e incertezas
Vivo sem pedir licença
Detestando a indiferença
Daqueles que acreditam na pós-modernidade
Sou moderno, maluco, careta, anarquista, conservador
Tomo partido, tenho atitude, mudo de opinião, mas não me entrego
Hoje, quero discutir política
Não a política dos profissionais da política de ocasião
Quero discutir a liberdade, razão mesma do fazer política
Quero ouvir as vozes das ruas
Quero sentir o cheiro mal-cheiroso de Belém
Quero me indignar com a cidade
E me alegrar com as pessoas
Hoje, eu quero me entregar aos velhos sonhos
E me deixar levar pelos novos ventos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Declaração de Voto, 2º turno.

Confesso que apoiarei o PT com reservas neste segundo turno. É difícil engolir, por exemplo, que Almir Gabriel (Governador na época do massacre de El Dourado dos Carajás) esteja de mãos dadas com a Governadora Ana Júlia. É duro engolir a ligação com o prefeito medíocre, populista e autoritário de Belém, Duciomar Costa.
No primeiro turno me mantive totalmente crítico ao governo do PT, sobretudo no Pará. Tenho muitas reservas, e, caso a Governadora Ana Júlia venha a se reeleger, manterei a mesma postura. Porém pra quem lembra dos 12 anos de governo do PSDB no Pará, que coincidiram com os anos do governo FHC em parte, quem não tem memória curta, não pode, ao meu ver, se omitir de escolher um lado, mesmo que este lado não seja o ideal.
Sou totalmente adepto da postura do PSOL de considerar que a luta mais importante está nos movimentos sociais, e que são estes que devem ser fortalecidos. Isso seria muito mais importante do que a ascensão ao poder institucional (Governo do Estado ou do Brasil). Mas como entre a intenção e o gesto há um longo caminho, corro o risco de escolher um lado das propostas existentes. Mantendo o compromisso de seguir crítico mesmo às políticas do Partido dos Trabalhadores.
Sendo assim, declaro meu voto no segundo turno: voto em Ana Júlia e em Dilma e sou convictamente opositor ao retorno do PSDB, seja no governo Federal seja no Estadual. Da mesma forma entendo que não é momento de nos omitirmos, na medida em que o voto nulo não representa, no presente instante, nada mais que uma rebeldia infértil.
Prefiro manter-me fiel a uma postura crítica e propositiva do que à proposta de não fazer nada em momento tão crítico.
Tony Leão da Costa.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Teoria do Poder.

Do fragmento

I - Prelúdio

Eis o tempo do fragmento
Eis o tempo do pueril
A atmosfera é pesada e poluente agora
A arte se tornou a Arte
A Arte não precisa mais de nada, é a metafísica do novo idealismo
O discurso separou se definitivamente da voz
A voz que grita já não é mais a voz que fala
Há muito que o símbolo é mais importante que a dor
De todos os lados surgem profetas da incoerência
A meta-linguagem é agora o meta-poder
Tudo é líquido, tudo é fluido, tudo e sórdido
Os olhos arregalados dão a direção
Deus-imagem-mercadoria-meta-discurso tudo vê, tudo sabe, tudo sente, tudo é
Tudo é possível, menos a realidade
Tudo é provável, menos o real
Tudo é poder, mas não temos mais poderosos
Todos os tecidos estão rompidos
Todas as teias criam imagens do fragmento
O fragmento é a razão das coisas agora
O homem-lâmina caminha sossegado
O homem-reluzente, translúcido, transparente, transbordado de informações
É ele a própria mercadoria
Tudo é partícula agora
O íntimo é um espelho
Banheiras, calcinhas, cuecas, vivemos a pós-modernidade do lingerie.
“Tudo que é sólido desmancha no ar”

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pó do tempo!

há entulhos no meu armário,
há restos na cama,
há migalhas no chão de minha casa.
quando isso ocorrer
chame o corpo de bombeiros,
dê as migalhas pro cachorro comer
ou use uma vassoura!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Partir.

Finalmente cheguei ao lugar de não-estar.
Daí, que posso agora partir
para todos os lugares de não-existir...

Poema de Raquel Costa

Digestão.


Pemeiro, eu te bebi
em doses suaves, repetidas
em goles longos
como a qualquer outra bebida
eu te sorvi
absorvi teu hálito
teus líquidos, teus espasmos.
Depois, te engoli
tão fácil, tão fálico
em doses únicas
de gozos
te possuí.
Então, eu te expeli
das entranhas, dos nervos
te vomitei
e ti e aos meus erros
espremi meus desejos
te expulsei dos poros
dos sonhos
e te esqueci.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ainda sobre o Círio de Nazaré (micro considerações).

Quem viu a matéria do Jornal SBT Pará do dia 11 de outubro viu o que eu já havia falado antes aqui: o Círio é a história da tensão entre clero e povo, dentre outras tensões. A agressão de um Guarda da Santa a um romeiro no meio da multidão é a prova disso.
Mas existem tensões muito mais fortes. A exclusão social se expressa em todos os palcos da vida, e o sacro não poderia fugir disso, vide Festa da Chiquita, Cirial, ou mesmo a simples presença de tanto povo, ribeirinho, índio, mestiço, caboclo, que ouve tecnobrega, que bebe e que dá a forma final do Círio. Quando o povo quer, ele corta a corda, mesmo antes que a diretoria queira.
Aqui não é uma questão supra-terrena, trata-se de um conflito humano e social. Mas volto a dizer a tensão é constitutiva (já o disse Heraldo Maués). Agressão contra este povo não é a melhor forma de contato. A diretoria saberá disso, por bem ou por mal.
A direção da festa deveria se posicionar em relação à agressão do Guarda ao promesseiro. A dificuldade de organizar o Círio não pode ser motivo pra excessos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Considerações sobre os modernos meios de comunicação de massa!

A internet é a salvação das pessoas com insônia, antes era o álcool. O foda vai ser quando todos os bares tiverem internet!

http://twitter.com/#!/Tony_Leao

Memórias boêmias do Círio de Nazaré.

Nos meus bons tempos de boemia irresponsável, hoje é mais madura (será?), costumava ir para a Festa da Chiquita, juntamente com a “Canallha”, na noite do sábado anterior à grande procissão do Círio de Nazaré...
Costumávamos ficar na Chiquita até quase amanhecer e, lá por volta das 4 da manhã, rumávamos para o Ver-O-Peso onde encontrávamos milhares de fies se colocando ou já colocados na corda da Santa, para pagar promessa. Esse era o momento maior do sacrifício humano, “ir na corda”!
Éramos parados pelos homens do exército que pediam que tirássemos os sapatos, já que, de determinado perímetro em diante, sapatos nos pés poderiam machucar os demais promesseiros descalços. Fazíamos isso. Circulávamos na multidão que se formava e rumávamos para as barraquinhas da feira.
Lá a patuscada recomeçava. Tecnobrega pra cá, Brega pra lá, barulho pra todos os lados, fogos constantes, pessoas falando o tempo todo, “cuidado com a carteira” (dizíamos uns aos outros!), mais uma gelada, mais outra, mais outra, enquanto a multidão se aglomerava na rua à frente.
O dia amanhecia, o sol aparecia rumando da baia do Guajará em nossa direção e o centro de Belém há esta altura já estava tomado por milhões de pessoas: “rio de gente”, com o já disseram tantos poetas!
O Ver-O-Peso fervilhava, pipocava, explodia. Caboclos de todos os lados, pobres, ricos, turistas, boêmios amanhecidos da Chiquita, promesseiros, vendedores, trombadinhas, prostitutas habituais, cheiro de peixe frito no ar, a constante ameaça de uma pancadaria, cada barraca com o seu som no máximo, suor, calor, e fogos e fogos anunciando que a santinha tava pertinho. Barulho infernal!
Barulho infernal!
Mas, eis que a Santa passou na frente das barracas do Ver-O-Peso e, como que por milagre, ao passar lentamente carregada por milhares de pessoas espremidas umas as outras, os sons das barracas eram desligados, de acordo com seu caminhar. Os bêbados por um momento retomavam parte da sobriedade perdida e cambaleantes percebiam que era hora de ficar quieto e calado. Todos olhavam a santinha pequenina passar ao longe, cercada pela corda e pela cúpula da igreja.
Ao passar na nossa frente o tecnobrega da barraca era substituído pelo falar dos devotos, pelos fogos em homenagem à Santa (que na verdade nunca paravam!), pelos sinos que da Sé ainda repicavam e pelo “vós sóis o lírio mimoso...”, cantado em coro na rua. Em cerca de 10 minutos a Santa passava e ao passar, como uma onda organizada, o som das barracas eram religados, uma a um, do mais distante ao mais próximo, seguindo a lógica do afastar-se da berlinda.
Um dos nossos saiu do transe sagrado e de repente grita: “ei garçom pega mais uma gelada ai!”. E o Ver-O-Peso fervilha, pipoca, explode novamente. Caboclos de todos os lados, pobres, ricos, turistas, boêmios amanhecidos da Chiquita, promesseiros, vendedores, trombadinhas, prostitutas habituais, cheiro de peixe frito no ar, a constante ameaça de uma pancadaria, cada barraca com o seu som no máximo, suor, calor, e fogos e fogos anunciando que a santinha ta indo embora, mais ainda tá pertinho. Barulho infernal!
Barulho infernal!
Até o ano que vem!



Para os não iniciados:

Festa da Chiquita:
No sábado à noite ocorre a Festa da Chiquita, que iniciou ainda nos anos 80 ou fins de 70 (não tenho certeza) inicialmente como uma festa profana dentro da programação religiosa, sem o apoio da igreja obviamente. Com o passar do tempo foi sendo incorporada ao movimento gay e se tornou evento de afirmação GLBT. Já há muitos anos tem essa conotação, com a presença de Drag kings e a escolha do “Veado de Ouro”, para o melhor desempenho no concurso. A festa vai até altas horas da madrugada, ao som de música eletrônica e depois carimbó. Ocorre ao lado do teatro da Paz, na praça da república. Por volta das 4 da manha faz concorrência com os promesseiros que vão acompanhar o Círio de Nazaré.
Segundo o organizador da festa, o velho requeiro paraense Eloi Iglésias, a Festa da Chiquita é tão importante que só nela Nossa Senhora original se faz presente, nos demais eventos religiosos do círio ela manda suas covers (A santa peregrina, que é a replica da original!).

Círio de Nazaré:
A maior evento do catolicismo brasileiro e possivelmente um dos maiores do mundo. Uma festa de santo como tantas outras (fora o tamanho!) que culmina com a grande procissão do segundo domingo de outubro, que chega a levar as ruas de Belém mais de 2 milhões de pessoas. Sobre o Círio não dá pra falar muito, tem que ser vivenciado!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Micro considerações sobre o Círio de Nazaré!

Gosto do humanismo do Círio de Nazaré, do povo na rua, o povo tomando a procissão pra si, mas não gosto da cúpula conservadora! Infelizmente a cúpula da igreja católica paraense é fundamentalmente conservadora!

Círio de Nazaré: história da tensão entre igreja e povo, sagrado e profano, ordem e desordem, clero e multidão. A “corda” é símbolo disso! É a tensão constitutiva de falam antropólogos como Heraldo Maués.

A Santa Peregrina, que sai pela cidade na festa, é índia, personifica o povo. A santa original é portuguesa, personifica a igreja. Tensão!?



A Festa da Chiquita, do movimento LGBT, na véspera do Círio, mostra que a Santa é das minorias, assim como da maioria cabocla excluída, aqueles que estão às margens da cidadania e dos rios!

Só entende o Círio de Nazaré quem faz a experiência antropológico-filosófica de acompanhá-lo. O seu sagrado/profano escapa ao verbo!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Grande poema dramático.

Já não sei quem sou
Oh mundo!
Oh deus!
Oh mar!
Oh céus!
Já não sei quem sou!
Onde estou, pra onde vou?
Já não sei quem sou!
Mas é melhor assim, tô fudido e mal pago, devendo pra Deus e o mundo e se eu lembrar quem sou terei que pagar pra todos!

(Madrugada de 06 de outubro de 2010)

Canalha por mim mesmo!

A Canalha era um grupo de amigos que se encontrava nos bares ao redor da Universidade Federal do Pará em idos dos anos 1990. Quase todos eram de história. Quase todos eram muito críticos aos alunos almofadinhas e de classe média e alta que começavam a freqüentar com vigor o curso. Havia uma espécie de aversão aos nerds. Mas quase todos eram também meio críticos aos alunos militantes profissionais (apesar de que alguns acabaram militando um pouco em Centros acadêmicos e DCEs). Todos eram de esquerda e boêmios, ou mais ou menos isso. Creio que todos ou quase todos eram da periferia de Belém.
Nessa historia de não gostar muito de ninguém, todo mundo enchia a cara nos bares da redondeza, sobretudo no bar do Mezenga, que vendia cerveja mais barata e às vezes dava tira gosto de graça, quando sobrava das marmitas que ele vendia.
Neste bar costumávamos falar mal dos nerds e dos militantes (um pouco menos destes últimos) e brindávamos. Por influencia das aulas de historia do Brasil 4, do professor Paulo Watrin, lemos Hilmar Matos e, parafraseando os termos que a elite do XIX utilizava para se referir à ralé costumávamos brindar com frases do tipo: “Um brinde à ralé”, “um brinde a vil ralé que cospe no chão”, “um brinde à canalha, às classes perigosas”, etc.
Alguns professores boêmios nos acompanhavam nestas farras. Com o passar do tempo ficamos com a fama de turma boemia, de alunos legais, mas não nerds (apesar de muito bons alunos alguns!), meio engajados (militávamos muito nas eleições de 1996 até fins de 2000, pelo PT, a maioria), mas não militantes profissionais. Sinais do tempo.
Surgiu a canalha, como identidade e reconhecimento.
Daí alguns viraram poetas ou já eram (chegamos a fazer 1 sarau na universidade), outros professores (praticamente todos de escola pública!), outros amigos sumiram, outros casaram, outros viraram cantores, outros atores. Depois formamos um bloco de carnaval.
Mas todo mundo continua duro e boêmio!
Fim da história!

Canalha por Raquel Costa.

Mas a melhor definição da Canalha, feita por uma das integrantes, foi a que Raquel Costa, querida amiga e poetisa (que tem como sonho ser cantora de cabaré vagabundo, mas que permanece como uma simpática e cristã professora de ensino média, ops!... falei demais!)... Voltando ao assunto, a melhor definição foi a feita por Raquel. Vejamos!

"Talvez eu devesse falar da canalha, desse povo que enche os bares movidos a boêmia e alcool, desse grupo estranho e perfeitamente normal. Os canalhas em geral se entendem e seguem os mesmos ritmos. Alguns se definem como tal e ditam regras e criam conceitos e enquadram o que é ser canalha. O que são os canalhas, se mil traços os une e um milhão os separa? Seria uma filosofia barata? (mas há os práticos demais?) um certo projeto de vida? (todos fatalmente mudam de opinião) um mero grupo de colegas? (talvez). A canalha é por definição aquilo que se vive, se é, se quer ser. Mais que uma brincadeira da juventude, eleva acima da mediocridade atos banais e corriqueiros. À espera do manifesto canalhista, só posso dizer da canalha que quem não conhece não sente falta, mas quem passou por ela e sobreviveu vai sempre se lembrar das figuras hilárias que geralmente embriagadas deram às falas e ações naturais uma cor especial."

Raquel Costa, idos de 2000.

Filosofia da Canalha, dentre outras asneiras!

Uma vez um grupo de amigos e eu, “A Canalha”, fomos acusados de sermos apenas um bando de gente bêbada que não refletia sobre coisas importantes (o que era a mais absurda verdade, diga-se de passagem!). Foi pensando nisso que resolvi escrever um manifesto na época, retrucando tais afirmações infames. Coloco-o novamente para a comunidade, já que o “Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão!” está preste a fazer sua primeira feijoada, dia 16.
Alguns aqui já leram a historia do Bloco em crônica anterior. Eis um pouco da Canalha!

"Ensaio de Filosofia Profunda

A Canalha e os profundos questionamentos da atualidade.

Uma acusação muito comum que pesa sobre a Canalha seria seu suposto vazio teórico e vago posicionamento político. Para muitos a Canalha não passa de um grupo de jovens transviados, transvertidos e retardados em seu próprio tempo histórico – juventude javali, como diria Tom Zé.
Um grupo que só desenvolve atividades de caráter efêmero e sem consistência filosófica. “O que é a Canalha?”, perguntam provocativamente críticos de todas as vertentes. Um bando de pessoas sem consistência em suas idéias e projetos, respondem os mesmos.
E dizem mais: em um mundo de grandes questionamentos e grandes acontecimentos a Canalha não se posiciona frente aos temas da modernidade:
Qual o posicionamento da canalha frente ao 11 de setembro?
Qual seu posicionamento frente à guerra do Iraque e ao assassinato de Sadan?
Qual seu posicionamento frente à questão Palestina, ou a questão do governo Morales?
Outros questionamentos são mais filosóficos:
O que pensam os canalhas sobre a pós-modernidade, qual seu posicionamento frente à história como meta-discurso, do mundo como realidade discursiva e não material; qual seu posicionamento sobre o existencialismo de Sartre ou a arqueologia de Foucoault, etc e etc.
Creio que tais críticas vêm de grupos sociais conservadores e anti-revolucionários que desconhecem o papel desempenhado pela Canalha no mundo moderno, grupos que a pensam como movimento monolítico, homogêneo e raso.
Considerando tais questões resolvi neste breve texto lançar a idéia de uma revista da Canalha para que seus pensamentos possam ser divulgados aos quatro cantos e também no mundo quântico. Proponho como nome “Revista de Estudo Avançados da Canalha” e que tenha como tema a discussão de assuntos profundos.
Como proponente aproveito para indicar alguns temas de filosofia profunda que acredito que poderão ser discutidos pela Canalha nesta revista:
Temas de filosofia profunda:
1 Que é um poço?.
2 Sobre abismos e lugares baixos.
3 Cair num bueiro dói?
4 Buracos de tomada: colocar ou não o dedo nelas?
5 Bago de farinha em buraco de dente dói? (este um tema regionalista!)
6 O mundo na perspectivas dos anões.
7 Existe um mundo subterrâneo?
8 A sociedade das minhocas.
9 Homens das cavernas.
10 Por que quando morremos somos enterrados e não jogados pro ar?
11 Existem buracos aéreos?
12 É escuro dentro de um buraco negro?
Etc.
Esses são alguns temas que poderemos discutir com desenvoltura e, como os títulos já demonstram, são temas profundos ou pelo menos pouco altos.
Espero a respostas de meus companheiros canalhas para o início de mais essa empreitada de sucesso editorial.
Para finalizar proponho que tais assuntos sejam discutidos e debatidos entre os canalhas nos bares da vida, onde os temas de filosofia profunda sentem-se mais a vontade para fluir, afinal, se tem uma coisa que todos concordam sobre a Canalha, sejam os detratores,sejam os adeptos, é que a canalha não passa de um bando de cachaceiros”

Idos de 2007.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Nada a declarar!

Tendo em vista o quadro político do Brasil, fico pensando se não seria melhor a gente desfazer tudo, inclusive a colonização, e refazer tudo de novo, pra ver se desta vez dá certo!
É que Barabalhos, Malufs, Tiriricas, Romários, Bebetos, Sarneys... conseguem me deixar preocupado e com vontade de dizer: "para o mundo que eu quero descer!"
Mas meu desânimo é temporário, tenho certeza, é que... (permitam-se me definir como uma pessoa sensível)... é que os poetas têm essas frescuras mesmo, crises existenciais e grande desânimo quando as coisas não saem como eles querem. No fundo são uns egoístas. Bom, pelo menos eu o sou, isso é certo...

Mas voltando à política... ah deixa pra lá, vou dormir, acho que não tenho nada de bom a dizer!
Boa noite a tod@s!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Declaração de voto!

Após profunda meditação declaro que o meu voto vai predominantemente para os candidatos do Psol. No segundo turno no Pará (e quem sabe no Brasil), as coisas têm que ser reavaliadas. Mas por agora apoio os candidatos socialistas e defensores das lutas sociais.



Boa eleição à todos!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Que tal terminarmos o mês com sexo?

Já que sexo não faz mau a ninguém!


Festim licencioso

já conheço tua boca,
a cor de teus dentes, hirtos,
que me arranham a pele
o doce da saliva
o macio de tua língua, sedosa.
estou completamente apaixonado por ti,
enquanto duram os segundos efêmeros de teu beijo.
só neste ínterim te amo!

já conheço teu corpo
onde encaixo melhor em tuas ancas,
conheço tuas manhas
tuas partes em volúpia, tesas
onde chego ao êxtase
adentro em teu corpo,
friccionamo-nos na carne,
atrito carnal.
a carne se agita, trêmula, inteiriçada, elétrica.
plena excitação genésica.
já conheço tua orgia,
o nosso festim licencioso.
(12/06/2000)




Festim licencioso II

entrei no vão mais intimo de teu corpo,
onde hermeticamente guardaste tuas manhas.
vão-se horas, dias, anos, (ânus)
tento descobrir a fonte de teus tresvariamentos
esvaio-me em ti
lusco, caminho sem caminho
em vão tento entender
agarro-me ou tento em tuas carnes
deslizo em tua pele
percebo no meio das luzes,
ou em sua total ausência, somente o fardo pesado do não saber
sofro com meus delírios infames
sofro, pois infames
sofro, pois delírios
és incólume prazer que a mim se apresenta
e eu leso e lerdo manquejo em teu corpo
como criança em tenra infância
que vê o mundo pela primeira vez.
(2000?)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vaga

vago vago
como vago vaga-lume
que não ilumina mais
vago vago
vago navegante
que de vaga em vaga
não alcança o cais
vago vago
como nume
sem seu brilho e altar

sábado, 25 de setembro de 2010

Show de Aninha do Rosário no SESC Doca.



Toda última segunda-feira do mês, no SESC Doca, o Instituto Cultural Extremo-Norte apresenta o Projeto Sons & Versos, unindo música e poesia. Nesta segunda, 27/09/10, a partir das 19hs Ana do Rosário estará participando do projeto, cantando acompanhada dos músicos Osvaldo Cunha, Eliezer Aviz e Amaral com muito samba, MPB... Venha e participe dessa ciranda!
"Disque" vai ter músicas minhas e de Osvaldo Santos (Cunha) no repertório. Eu vou lá ver! Vamos!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"No ano da decisão"

Meu povo e minhas povas, logo logo ocorrerá a feijoada do "Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão". Será em outubro, mas já começo a fazer a divulgação.
Em texto anterior falei como surgiu este bloco de carnaval de rua, do qual faço parte. Quem quiser saber mais leia o post http://mimcomigomesmo.blogspot.com/2010/08/o-que-e-e-como-surgiu-o-bloco-da.html deste mesmo blog.

Bom, hoje quero mostrar a tod@s a marchinha que fizemos pro carnaval passado, do início deste ano. A letra é minha e a melodia de meu querido Osvaldo Santos. Segue a letra e o som pra quem quiser ouvir.



No ano da decisão
(Osvaldo Santos e Tony Leão)

Esse ano é! Esse ano é!
Um ano de decisão
Três anos de “Bloco da Canalha”
Três anos de patuscação

Esse ano é, esse ano é
Um ano de decisão
Como a canalha não tem candidato
Lanço Rei Momo pro comando da nação

Não sei que o faço, pra que lado corro
Tá tudo armado à direita e à esquerda
E o populacho não tem nem pronto-socorro
Esculhambado, fica mesmo é na sarjeta

Vou caminhando pelas ruas de Belém
Levo comigo serpentina e purpurina
Fico esperando que na “terra de direitos”
Que me enfiem só se for com vaselina

Esse ano é sim senhor
O ano do cai-não-cai
Tem prefeito que “disque” tá saindo – e ainda não foi?
E tomara que não volte mais.

Mas esse ano é! Esse ano é!
Um ano de decisão
Três anos de “Bloco da Canalha”
Três anos de patuscação

Esse ano é, esse ano é
Um ano de decisão
Como a canalha não tem candidato
Lanço Rei Momo pro comando da nação


Saudações canalísticas a tod@s!

Lula.

Recentemente tive o seguinte insight: se o Lula sair da presidência (bom isso vai ocorrer mesmo!) e resolver voltar a perambular pelo Brasil, como fazia antes de ser de centro ou sei lá o que ele seja hoje... E se ele visse que tudo que disse que tinha feito, ou pelo menos a maioria, não ocorreu exatamente assim. Daí ele voltaria pra uma próxima eleição depois da Dilma e vai fazer tudo que ele não fez. Seria uma espécie de arrependimento de não ter sido o que todos acreditavam e acreditam que seria.
Fico pensando isso, em minha ingenuidade dissimulada, ou ingenuidade mesmo, pois lembro do dia em que fui à Brasília na primeira posse do Lula. Fiquei a uns 100 metros do púlpito, onde “pela primeira vez na história deste país” um operário se ternava líder da nação. Lembro que olhava pro Lula (todos nós sempre o temos como um amigo íntimo, não é!) e pensava: tudo bem que ele não vai fazer muita coisa, sabemos, mas vai fazer bastante coisa, tenho certeza. Depois de refletir um pouco não me contive e chorei copiosamente (igual o Caetano Veloso quando ouviu pela primeira vez a música que o Roberto Carlos tinha feito pra ele - como diria o JJ).
Toda vez que converso com amigos sobre este dia, fico sabendo que eu não era o único chorando Brasil a fora...
Hoje percebo que o Lula é apenas o retrato de nosso herói nacional. O herói nacional que seria um indivíduo, frente a todas as forças das estruturas políticas e sociais, mas no qual depositamos todas as nossas esperanças. Continuamos assim. Mesmo os supostos intelectuais críticos (serei eu um deles!?) de vez em quando, ao se descuidarem caem na velha tentação do carisma do líder, no mito do herói que salva a todos, o “pai” do pobres como foi Getúlio e quer ser agora o Lula.
É o lado afetivo da política, que não conseguimos evitar, sem grande esforço. Seria aquilo que George Sorel chamou de “mito político”, que tem como característica principal criar uma mobilização social a partir de um mito coletivo. Em nosso caso a mobilização se desfez na posse do Lula. A força popular deixou o cenário político para deixar no líder a ação das mudanças ou pior ainda, das não-mudanças... Quer merda seria isso então: infância política do povo? Etapa que não chegamos ainda? Resquícios do populismo? A lentidão do pós-liberalismo? Eu não tenho a menor idéia!! Se alguém ai souber que me diga!
Aí caímos na realidade. O país ainda é desigual, a terra ainda não foi socializada, o agronegócio expande, o trabalho escravo permanece, a violência policial é estrutural aos pobres e negros e índios, a educação ainda está muito mau, a saúde idem, o meios de comunicação permanecem nas mãos de poucos oligopólios, a direita nunca saiu do poder, pobres/negros/índios ainda são minoria nas universidades, nos empregos de alta remuneração, as mulheres ainda são espancadas diariamente, as leis não funcionam, o ECA não funciona como deveria, o desmatamento na Amazônia segue a passos largos, a seca no Nordeste permanece, etc, etc, etc.
Claro que houve progressos em várias áreas. Não vamos dizer que nada não mudou, não quero ser injusto com o governo do PT e os “300 picaretas com anel de doutor” que os cerca. Mas me pergunto se não foi por um processo “natural” de crescimento do Brasil como potência em desenvolvimento? Obviamente, no jogo das relações políticas, mesmo a direita atende à determinadas demandas sociais...
Mas aquele negócio todo de mudança? Aquilo que era o PT nos anos 80 e até um pouquinho dos anos 90?
O certo é que a estrutura permanece. Estamos sem saber o que fazer exatamente. O modelo permanece o mesmo, com algumas poucas modificações superficiais...
Quando me lembro de tudo isso fico pensando por que eu chorei enquanto via o Lula falar no púlpito em Brasília...
Vai ver eu chorei mesmo por incerteza!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ampicilina

desfigura figura
arranca a faceta
boceta!
corta com gilete
a cara - teti-a-teti
alimenta
afoga afoga
deságua
deságua desata maltrata
maltrata
maltrata ingrata
afoga a mágoa
lamine meu rosto
desgosto
retire a pele bem fina
amofina
tudo cura com ampicilina

(janeiro de 2009)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Àqueles que pretendem ir ao paraíso.


Às vezes relampeja
Às vezes a lua sai
Às vezes o sol esquenta
As vezes a chuva cai
A única coisa que não acontece
É alguma coisa não acontecer
Às vezes o inverno é frio
Às vezes o verão é quente
Outras, neva na Europa
E aqui, chove de repente
Um raio acerta a arvore
Um barulho e um clarão
Toda vez que relampeja
Fica clara a escuridão
(Tony Leão)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Meu aniversário.


Foto tirada no meu último aniversário!


Meu aniversário é dia 21, na quarta, dia 22, as 19 hs, no
Bar Velharia (antigo Carpe Diem) estarei recebendo os amig@s para
confraternizar. Junto a isto rola o já tradicional Sarau Literário do Extremo
Norte (pegaremos sua carona este ano). Estaremos ainda dizendo até logo a nossa
amiga Kissia que vai voltar a Curitiba e pra Jesus que vai pra Marabá (?). E
ainda estaremos comemorando o aniversário do Boi da Terra.
Não precisam levar presentes, levem poemas, violas, pandeiros
e dinheiro pra cerveja rsrs.
Até lá!

domingo, 19 de setembro de 2010

Feliz em saber que Jaqueline Souza, que faz parte de minha ilustre lista de seguidores, foi premiada, juntamente com sua equipe, em um evento nacional sobre arte nas escolas.
Pra quem quiser saber mais, repasso o e-mail que ela me enviou.
Muito massa. Parabéns Jaque!!!



Uma iniciativa em ensino de artes para alunos de escolas públicas foi premiada pelo Instituto Arte na Escola como um dos cinco melhores projetos de educação em artes do Brasil.
O Auto da Barca Amazônica é um espetáculo criado em 2007 pelos professores Jaqueline Souza, artista plástica e cênica e Paulo Anete, artista plástico e carnavalesco.
A primeira edição do Auto da Barca Amazônica aconteceu em 26 de outubro de 2007 com alunos de ensino médio do colégio São Francisco Xavier, localizado na cidade de Abaetetuba região do Baixo Tocantins, Pará. O objetivo principal do projeto é envolver os alunos em atividades ligadas as artes do espetáculo: teatro, dança, circo, cenografia e também trazer a tona os velhos costumes de contar estórias, a valorização da cultura local e dos saberes da comunidade.
Todo esse processo resulta na produção de um grande cortejo cênico que sai pelas ruas da cidade de Abaetetuba.
Já temos três edições do projeto e neste ano de 2010 estamos nos preparando para produzir um documentário que será exibido na cerimônia de premiação que acontecerá no dia 26 de outubro em São Paulo.

Esta premiação é realizada pelo Instituto Arte na Escola, pelo SESI e Fundação IOCHIPE visando reconhecer e revelar projetos desenvolvidos por profissionais de ensino na área de Arte.Este prêmio é destinado aos professores ou equipes de professores que desenvolveram projetos nos anos de 2008 e/ou 2009 nas respectivas escolas de ensino regular, públicas ou particulares, em todo o território nacional e em qualquer uma das quatro linguagens artísticas (Artes Visuais,Dança,Música,Teatro).

É a primeira vez em onze edições do concurso que o prêmio sai para um projeto de escola pública da região norte e foi justamente no interior do estado do Pará, na cidade de Abaetetuba de onde saem as mais diversas notícias de violência,tráfico de drogas.


Nós da equipe do ABA só temos a agradecer e compartilhar esse prêmio com todos aqueles que acreditaram no nosso trabalho e no sonho de desenvolver a transformação da sociedade através da arte.
Jaqueline Souza
Veja os vencedores do XI PAEC:
http://www.artenaescola.org.br/premio/resultado.php
Conheça nosso blog
http://www.autodabarcamazonica.blogspot.com/
Eu não tenho nada a declarar.
Só uma coisa a música do Almir Sater “Trem do Pantanal” não me sai da cabeça. Que linda canção, me deu até vontade de partir para Santa Cruz de La Sierra...
Fora isso, não tenho nada a declarar, até mesmo por que já fiz a minha declaração de imposto de renda este ano e a restituição foi uma merda...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Oco

Oco
Nada há em mim
Nem meio
Nem início
Nem fim
Vácuo
Sem nome me contém
Nada por mim passa
Nem vai
Nem vem
Será que vai chover hoje? E se chover, será que vai relampejar?

Manual de uso atualizado!


Car@s usuários deste blog, brav@s combatentes, venho adverti-los que tenho andado meu deprê nos últimos dias e possivelmente vou andar assim por um bom tempo.
Sabe aquele velho deitado chinês que diz: “sabe quando todas as previsões apontavam que as coisas iam dar erradas e elas deram mesmo? Então, as previsões foram às únicas que deram certo!”
Na verdade não foi porra nenhuma de velho chinês quem disse isso, eu acho que fui eu há alguns dias atrás inspirado no conhecimento universal que paira no ar. Minha tese é de que tudo está escrito nas estrelas.
Possivelmente foi algum grego que disse isso pela primeira vez! A gente não sabe, mas os gregos inventaram tudo. Isso é verdade...
Divagações à parte, quero voltar ao tema desta imprecação: tô meio deprê e quando fico assim lembro de Marx, o velho alemão:

“todas as relações fixa, enrijecidas, com seu travo de antiguidade e veneráveis preconceitos e opiniões, foram banidas; todas as novas relações se tornam antiquadas antes que cheguem a se ossificar. Tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profano, e os homens finalmente são levados a enfrentar (...) as verdadeiras condições de suas vidas e suas relações com seus companheiros humanos”

No fundo no fundo, eu acho que Marx começou esta história de criticar o capitalismo por questões amorosas. Perceba o quanto amoroso é este discurso. Na verdade defendo que é um discurso sobre o desamor. Hei um dia de defender minha tese de livre docência em Ciências Ocultas provando que Marx era um apaixonado...
Bom, nesta altura do campeonato eu já nem lembro o que eu queria dizer a vossas senhorias. Espero pelo menos que estejam bem (falo dos 19 seguidores deste humilde blog).
Aproveito pra perguntar se alguém teria 100 reais pra me emprestar? Ocorre que acabei gastando muita grana ultimamente em projetos falidos e conspirações mundiais que não se efetivaram e tô querendo tomar uma cervejinha.
Se alguém aí, neste mundo virtual de meu Deus, quiser me acompanhar estarei todos os dias no boteco da esquina esperando que algo de novo e bom ocorra.
Bom, já devo estar torrando a paciência de vocês... mas vocês se colocaram como meus seguidores por que quiseram, ninguém os convidou...
Ops!... Lembrei que convidei sim! Bom, desconsiderem o último parágrafo acima!
Sem mais nada a dizer, concluo não concluindo a merda do assunto que eu queira tratar aqui.
Com a esperança de encontrá-los um dia pessoalmente e poder beijá-los um a um em suas mãos, me despeço.

Passem bem queridos amig@s virtuais.
Hoje acordei sereno
A noite me molhou

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Poema eqüino (ou a porra do sono que não vem!)

Cabeça de cavalo
Partida ao meio
Cabeça de cavalo,
Tenho receio.
Cabeça de cavalo partida.
Carcomida.
Cabeça de cavalo na comida!
Cabeça de cavalo partida ao meio,
Uma parte pra cada lado.
(24 de agosto de 2010, 03:30 hs em Marte)
Quando o silêncio ocupa todo o espaço
Quando o silêncio ocupa todo o tempo
O silêncio anula toda vontade
O silêncio acaba com o movimento
Quando o nada invade a sala
Quando o nada invade a casa
Quando o nada invade o silêncio
Sinto a dor do Nada-Ser
Quando a angústia invade o silêncio
Quando a angústia invade o nada
E o tempo...
A loucura é o único refúgio para solidão:
Então,
Ouço música velha
Visto roupa usada
Anulo toda vontade
Anulo todo movimento
(2003)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Larissa

flor do mundo
minha flor querida
em meu pequeno uni-verso
meu mundo é pequeno
mas não o é meu ser
flor do mundo
inversamente proporcional ao tamanho de meu mundo
versamente proporcional ao tamanho de meu querer

domingo, 12 de setembro de 2010

Carta a uma amiga em terras frias.

Minha cara amiga Alanna, como andas?
Espero que estejas bem ai em terras distantes de tua natalícia morada.
Escrevo-te esta breve carta, ou e-mail como dizem nos dias de hoje, apenas para devanear sobre assuntos vãos. Tenho percebido que nos dias de hoje as pessoas não costumam perguntar como estão as outras pessoas queridas, mais ou menos queridas ou mesmo conhecidas. São os tempos modernos... na verdade os pós-modernos. Essa tal de atitude blasé de que fala Simmel às vezes me enche o saco.
Imagino que deves estar te deparando constantemente com ela. São os sinais do tempo. Tu que és historiadora deves saber lidar com o tempo, ou não?
Bom, disse uma vez um crítico, acho que foi Fredric Jameson, que os historiadores sofrem de um sério problema de falta de historicidade. Eu concordo com ele, o nosso mau é o falta de noção sobre o tempo, sobretudo o nosso próprio tempo... Bom, como sabes os marxistas ainda são os melhores...
Mas esta não é um ensaio sobre a vida moderna. Gostaria de saber como está a tua vida, quero saber coisas banais que talvez nem tenha intimidade para perguntá-las. Por exemplo: tomaste café da manha hoje? O que terá pro almoço? Como foi a noite de sexta? Qual e a temperatura em Curitiba?...
Quanto a mim, quero dizer apenas que amanheci ouvindo Roberto Carlos. Ouvi recentemente de uma amiga que temos três fazes em relação ao “Rei”: a juventude na qual o negamos radicalmente, uma fase intermediária na qual começamos a ver que ele tem algum talento e a fase final, da suposta maturidade, na qual percebemos que ele é bom pra caralho!... Parece-me que estou na transição para a terceira fase (risos).
Pensando nisso me pergunto se te escrevo inspirado na frase de Roberto: “Como vai você? Eu preciso saber da tua vida...” Sei lá que vontade imperiosa me acometeu...
Bom, no mais as coisas estão boas por aqui. Espero que esteja o mesmo por ai. Deixo beijos saudosos para a amiga e espero vê-la em breve.
Tony Leão.
Belém, domingo, Terra Firme, 30 graus, 12 de setembro de 2010.

sábado, 11 de setembro de 2010

Poema.

Devo ser anormal,
pois gozo no poema!
Toda vez que parto me transfiguro
Se continuar partindo e mudando
Hei de ser no fim irreconhecívelmente o mesmo!

(11 de setembro de 2010)

domingo, 5 de setembro de 2010

O outro cosmopolitismo de São Paulo.


São Paulo é inegavelmente uma cidade cosmopolita, talvez a mais cosmopolita do Brasil... Bom isso não da pra afirmar. É difícil comparar cidades e ver qual é a mais moderna ou cosmopolita. Sei que São Paulo é de um cosmopolitismo peculiar, que mostra ao mesmo tempo toda sua diversidade e desigualdade.
Falo do cosmopolitismo dos milhões de nordestinos e nortistas que vivem na metrópole. Nas ruas de são Paulo, sobretudo no centro, aonde pessoas vão e vem o tempo todo pro trabalho, pro metrô, pra escolas, correndo do rapa, etc., temos uma multidão de sotaques, onde prevalece o nordestino (que por sua vez é muito diverso em si mesmo!). São cearenses vendedores de rua, pernambucanos taxistas, pastores de praças alagoanos, garçons paraibanos, paraenses cobradores de ônibus, mendigos maranhenses, camelôs baianos, etc., etc.
À noite na Paulista e na Augusta, em meio à emos, gays, skatistas, prostitutas, burguesinhos, moderninhos, mendigos, travestis, gringos, turistas, drogados, branquelos racistas e skinheads, punks, manos e minas, transeuntes de todo tipo, do mundo underground ao mundo careta, o que existe subjacente é o trabalho de milhares de nordestinos e nortistas que contribuem para o cosmopolitismo urbano. Contribuem em todos os sentidos: por ser a mão-de-obra barata que sustenta com suor o funcionamento de tudo e por contribuir com a miríade de sotaques que ouvimos por todos os lados...
Quando se pensa em cosmopolitismo urbano se pensa geralmente em cidades abertas para o mundo, para o que vem de fora; no Brasil, para o que vem dos EUA e da Europa, nosso modelo de civilização. Esquece-se que o cosmopolitismo é também o cosmopolitismo desigual dos migrantes pobres, dos trabalhadores, da ralé. Nem todos os nordestinos ou nortistas são pobres e excluídos, é verdade, mas muitos sim, por gerações e gerações fazendo a cidade e sendo esquecidos nela, ao mesmo tempo.
Lembro que a primeira vez que fui a São Paulo um amigo da Bahia falou uma coisa que me deixou atento para nossos preconceitos e, sobretudo, para nossos “esquecimentos” do que é obvio, e que por isso mesmo não pode ser esquecido. Disse ele: “em São Paulo se comemora de tudo, a presença japonesa, a presença italiana, etc. e tal, mas ninguém nunca se lembrou de comemorar a presença nordestina...”
É verdade...! Para o pensamento comum, quem faz a “boa” diversidade da urbe são aqueles que abrem a cidade para o mundo, mas nunca aqueles que constroem a cidade de baixo pra cima. Estes são vistos como úteis apenas pra limpar banheiro e lavar pratos. Por que não comemorar em São Paulo a presença nordestina ou nortista, já que ela contribui para a inegável modernidade e cosmopolitismo paulistano?
Talvez seja porque não há muito que comemorar, ou pelo fato de que teríamos que lembrar do passado, refletir sobre ele, sobre a condição da metrópole, sobre a condição da desigualdade subjacente a toda modernidade, a todo cosmopolitismo, à toda elegância da dura poesia concreta das esquinas paulistanas...
Ai talvez esteja o avesso do avesso do avesso do avesso do cosmopolitismo urbano...

sábado, 4 de setembro de 2010

Poema a uma amiga.

E por falar em poetas queridos, publico um poema que fiz em resposta à Raquel Costa sobre o ato de escrever.

Poema a uma amiga
Para Raquel Costa

como sabes
nunca fui dado às materialidades do existir
nunca fui dado às prodigalidades inférteis
como já dizia um outro poeta destas bandas
me vale muito mais o devaneio
o que me falta no bolso
- como se eu fosse um poeta do século XIX -
sobra-me nas rodas animadas
nas rodas de pessoas de grosso trato
nas noites meio belas meio tristes
nas noites meio escuras meio claras
nos dias meio cinza meio sol
nas horas meio mortas meio vivas
a poesia me visita sim
vez ou outra
as vezes me arrisco no artefato (às vezes doce às vezes amargo) do verso
às vezes não faço nada
só espero a poesia me bater à porta
como se eu esperasse uma visita
como se fosse a visita de uma amada amiga!
e muitas vezes isso acontece...

13/ abril/ 2009.

PRA VER-O-PESO DE UM VOTO!?

Um poema de meu caro amigo e poeta Márcio Galvão. Este ele me recitou na nossa última reunião boemia no bar Velharia. Gostei muito e por se tratar de um período eleitoral faz mais sentido ainda.

Pra Ver-O-Peso de um voto!?

Conjecturando a cerca das condutas,
Cheguei ao Ver-O-Peso e vi, nas ruas,
Ninfetas prostitutas quase nuas,
Vendendo-se como quem vende frutas.

Banhos-de-cheiro? Oh, quanto mau cheiro!
O Ver-O-Peso, este cartão postal,
Aos poucos transformou-se em bacanal
E hoje exibe “status” de chiqueiro.

Os pobres urubus reciclam lixo
Desde os tempos primórdios da existência,
E agora o lixo está comendo as aves!
Até os urubus já sabem o quanto é grave
Vivermos à mercê da incompetência.

(M. GALVÃO)

Inacabado eu.

Na gaveta de meu armário da memória não há nada, a não ser memória em pó. No pó da gaveta de meu armário da memória não há nada, além de fragmentos. Nos fragmentos da memória não há nada além de sombras e vento. No vento não há nada além de nada e pensamento; e o pensamento, quando abre a gaveta das lembranças do tempo, que corre como o vento, em partículas e fragmentos, encontra o nada do nada do ocaso. Porém se acaso a busca persiste, é porque existe o que procurar... o que procurar, apesar de não ser nada ou ser a ausência do que é... Procurar e se mover, e se mover, no vento, ao relento, fragmento pulsante, pensante, pensamento, desta cabeça pesada, de nada e tudo que procura e é loucura por si só...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

O que é e como surgiu o Bloco da Canalha.

Em 2008 o "Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão!" foi pra rua pela primeira vez durante o carnaval. Na época fiz um pequeno texto que iria sair em jornalzinho de Ananindeua (Região metropolitana de Belém), nem lembro se foi publicado ou não.
Seja como for nosso bloco de carnaval de rua já vai para o 4º ano de atividade, e já pegamos um pouco de experiência neste tempo. Agora já existe concurso interno pra escolha de marchinhas, temos a presença de artistas de outros grupos como o Boi da Terra, o Movimento Literário Extremo Norte (MLEN), o Grupo de samba À corda Bamba, que nos dão apoio, etc. Mas mantemos a sátira e a crítica social como principal característica.
Sexta, dia 03 de setembro, às 19:30, estaremos no programa da TV Cultura, "Cultura Pai D'égua", no lançamento de um clip do Grupo Senta a Peia, junto também com o MLEN. Quem puder assista o programa.
Deixo abaixo o texto que fiz para o primeiro ano do Bloco, que conta um pouquinho de com ele surgiu.


A fantasia campeã de 2010: Cris com "Eu sou neguinha"


"Lançamento do Bloco da Canalha em 2008.

Numa mistura de bom humor e um dose de sátira o “Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no cão” saiu no seu primeiro ano de carnaval pelas ruas do bairro da Cidade Velha em Belém. O cortejo ocorreu no dia 27 de janeiro e levou pra rua um grupo pequeno mais muito alegre de brincantes que caminharam dançando e cantando antigas marchinhas carnavalescas e a marcha oficial do Bloco, que tinha como tema este ano o PAC. O bloco saiu do bar Le Chat Noir, na Avenida 16 de Novembro com Triunvirato por volta das 18 h e se dirigiu para a Praça do Carmo onde ao encontrar outros blocos carnavalescos encerrou seu cortejo. Tudo começou como a maioria dos blocos de carnaval, como uma grande brincadeira. Um grupo de amigos, quase todos ex-estudantes do curso de história da UFPa, resolveu aproveitar os seus constantes encontros boêmios para fundar um bloco carnavalesco. Com um mínimo de organização contrataram uma bandinha, um carro-som, conseguiram apoio para cartazes e panfletos e colocaram o bloco na rua, literalmente.


Bar Velhharia


O nome do bloco decorre ainda dos tempos de universidade. Após as aulas o mesmo grupo de amigos costumavam se encontrar nos botecos das proximidades da UFPa, no Guamá. Influenciados pelas aulas de história e discutindo sobre a história do Brasil costumavam brindar “à canalha: a vil ralé que cospe no chão”, uma das denominações que a elite do século XIX usava para se referir preconceituosamente ao povo, assim como outros termos como: “as classes perigosas”, “o populacho”, “a turba”, “o povinho”, etc. De tanto brindarem à ralé, ao povinho, às classes perigosas e principalmente à canalha o grupo acabou ficando conhecido como A Canalha. Daí que, anos mais tarde, o bloco carnavalesco recebeu o nome de "Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão". A ironia, a sátira e o bom humor ficaram por conta da marchinha carnavalesca, de autoria de Osvaldo Santos e Tony Leão, que tinha como tema o PAC. Mas não era o mesmo PAC que estamos acostumados a ouvir falar pelos jornais, o Plano de Aceleração do Crescimento do governo federal. O PAC do Bloco da Canalha é, na verdade, o Plano de Aceleração da Canalha, que poderia muito bem ser traduzido como Plano de Aceleração da Ralé, ou do Povinho, ou das Classes Perigosas, ou do Populacho, etc. Neste plano o carnaval, como momento de subversão da ordem se torna a ocasião para a canalha “acelerar o seu crescimento” já que, como diz a letra da marchinha, todos os impostos serão gastos no carnaval: Plano de Aceleração Canalha/ Neste plano você não se vai se dar mal/ Já que todos os recursos/ Serão gastos no carnaval/ Plano de Aceleração Canalha/ Nosso PAC não é nada mal/ Pois no PAC da canalha/ CPMF vai toda pro carnaval/ PAC, PAC, PAC, PAC!/ Plano de Aceleração Canalha/ PAC, PAC, PAC, PAC/ E o carnaval de nossa gentalha...


Poeta Eliana Barriga, uma das candidatas no concurso de fantasia

Ano que vem, informam os organizadores, o “Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão” sairá novamente no carnaval, com uma bandinha tocando marchinhas antigas e uma nova marchinha oficial, com novo tema a ser ainda escolhida pelos integrantes. E desde já convidam a todos: já que o carnaval é hora de subverter a ordem, hora da farra, hora da turba ir à rua, da balburdia organizada - já que “me organizando posso desorganizar e desorganizando posso me organizar”, como diria Chico Science - momento no qual bulhas, vozerias, batuques, carimbós e sambas são permitidos. É também a hora que a canalha, a vil ralé que cospe no chão, que fica calada o ano todo, dá passagem pra ironia e pro carnaval."