segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Três xícaras alegres


Três xícaras alegres
rodopiam com o restinho de café
tomado à hora passada.
As xícaras são inanimadas só para quem não as veem dançarem alegremente.
Três xícaras de café lado a lado, ladeando-se,
numa fila indiana de xícaras de café do Brasil.
Elas dançam serelepes esperando a reação dos circunstantes,
esperançosas de serem tomadas por líquido quente.
As xícaras sabem que na verdade não as usamos,
são elas que se untam de café, usando a vontade da gente.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Agora o tema do facebook é a redução da maioridade penal



Pois vejamos:
Mandar filho de pobre, quase todos negros, quase todos índios e mestiços pra cadeia é fácil! Difícil é discutir e exigir investimento em creches para crianças, para que pais e mães trabalhador@s possam deixá-los em ambiente de segurança ao irem ao trabalho. Difícil é discutir e exigir educação de qualidade, com escolas que atendam em tempo integral crianças e adolescentes de bairros pobres. Ou exigir espaços para esporte, clubes, lazer, música, teatro, praças, parques, etc. que atendam crianças e jovens de bairros carentes, dando alternativa a quem tem apenas a “esquina”, a “quebrada” e a “malandragem” como modelo a ser seguido...
Ora, não existe uma cultura de paz sem uma estrutura social de paz. A cultura de paz não é como o “espírito santo” que baixa nas pessoas como por milagre. Não dá pra fazer uma CULTURA de paz se o meio ao redor das pessoas não tem uma INFRAESTRUTURA de paz. Isso é ausência de entendimento da totalidade social! Se a criança vive num meio social cercado de necessidades materiais e espirituais, no qual o seu modelo mais próximo de rebeldia é o garoto que fica na esquina armado ou vendendo drogas, é certo que boa parte dessas crianças talvez siga por esse caminho, ao chegar na adolescência. Ser rebelde na “Malhação” é muito bonitinho. Rebeldezinho de iphone, em boas escolas, passeando pelas praias de Copacabana é bonito de ver! Mas o adolescente real, de carne e osso, é o da maioria da população que não tem esse modelo a seguir na fase mais complicada de sua vida, um momento de indefinição e construção de identidade: a adolescência!
Qual é o espaço que a maioria dos adolescentes do Brasil têm?! Eles têm uma infraestrutura que possibilite viver em uma cultura de paz?
Mas pra que tudo isso, né? Escola e arte pra filho de pobre?? Pobre e filho de pobre, quase todos pretos e quase todos índios e mestiços, têm mesmo é que trabalhar, não é?! Têm que virar mão de obra. Um dos discursos que mais vemos nos telejornais é a ideia de que as pessoas têm que se qualificar para o mercado de trabalho. Pra que “arte” se temos a “técnica”?!! Se o cidadão não se adapta ao mercado, não entra na engrenagem, não serve pro sistema; e se virar rebelde de periferia, manda pro xelindró que resolve! Pra que gasto do dinheiro público com esse bando de “marginaizinhos protegido pela lei”, não é???!
Essa é a lógica da redução da idade penal. É o velho e tradicional método burguês de resolver o problema pelas consequências e não pelas causas. Reduzir a maioridade penal significa nivelar por “baixo”, ou seja, eliminar fisicamente (ou pelo menos excluir do convívio social) o adolescente pobre e excluído. Significa jogar a “sujeira” pra baixo do tapete. Bem ao modo da elite brasileira e daqueles que mesmo não sendo elite comungam com seus valores, mesmo sem saber! É mais fácil resolver eliminando o problema (pessoas no caso!) do que resolver mudando a condições que fizeram surgir o problema!
Que tal a gente sair da obviedade e refletir mais sobre esse tema?

Sugestões para debate:

Crianças pobres já têm maioridade penal

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pequena história urbana – baseada em fatos reais?


O cidadão ia andando tranquila e distraidamente pela Avenida Nazaré, centro de Belém, e foi abordado por dois meliantes, aparentemente menores de idade.  Mesmo sem reagir levou uma coronhada e teve seus bens pessoais roubados com violência!
Infelizmente a polícia não estava próxima para prender os bandidos. E mesmo se tivesse, provavelmente não poderia fazer muito, pois os menores são protegidos pela lei em nosso país.
Descrição dos bandidos:
Meliante 1: cerca de 12 anos de idade, pele muito branca, loiro e de olhos claros, naturais, verdes ou azuis. Cerca de 1, 70 de altura e vestido com tênis Nike, calça Zoomp jeans e camisa de um colégio daquela redondeza.
Meliante 2: cerca de 14 ou 15 anos de idade, pele branca, cabelo bastante claro, loiro natural, olhos verdes. Cerca de 1, 60 de altura e trajando tênis Adidas, calça da Forum e camisa Colcci ou algo parecido! Carregava uma mochila de marca e uma iphone 4 ou 5.
Notícias sobre estes criminosos, avisem a polícia!
Fim!
Gostaria de saber de meus amig@s leitor@s o que acharam de meu microconto e se há verossimilhança nele, e ainda, caso não haja, por que?