sábado, 30 de outubro de 2010

Declaração de voto no segundo turno!

Com respeito a muitos amigos meus, votar nulo na conjuntura paraense significa votar no PSDB. O voto nulo tem sentido quando representa uma postura política estratégica e coletiva, que tenha efeito prático e/ou simbólico progressista. Fora isso representa uma rebeldia individual pueril. Voto contra o PSDB, mesmo tendo minhas críticas ao gov. Ana Júlia. Voto contra todo o conservadorismo político, contra toda a caretice, contra todo o elitismo, contra todo o retrocesso social que o PSDB representa para o Brasil e para o Pará! Voto 13, voto Ana Júlia e Dilma no segundo turno!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sexo, sexta...

Hoje é sexta-feira, dia mais que propício pra se falar de sexo. Dou a palavra a Raquel Costa.


PEQUENO POEMA PORNOGRÁFICO

Quero que me comas...
com os olhos, me devores.
Quero que me toques
com tesão e ternura,
e no meio da fervura
quero que grites meu nome,
me mordas, me arranhes
me sugues,
a energia, o fôlego.
Quero que teu corpo
me pese na carne
quero que me craves os dentes
no pescoço, nos seios
que me puxes os cabelos
e me beijes com carinho.
E nesse ninho de pernas,
a vida se faz plena e bela..
E depois de todo orgasmo,
quero que descanses nos meus braços
e sussurres meu nome
e me beijes os olhos
e adormeças no meu colo.

(Raquel Costa)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Vejo lágrimas.

Encontro-me no Rio de Janeiro, na Rua do Ouvidor, no centro da cidade.
Caminho de lá pra cá.
Vou até a Rua do Mercado ver a movimentação. Vou e volto.
Na esquina pode estar o Chico Viola se preparando pra entrar na Casa Edson na mesma Rua do Ouvidor nº 107. Quem sabe ele não vai fazer hoje uma gravação qualquer.

Quem sabe mais adiante encontro Osvaldo Vasques e Ventura que acabaram de compor o samba “Vejo lágrimas”, quem sabe não encontro Antônio Moreira da Silva e o grupo Gente do Morro preparando-se para entrar na Casa Edson e fazer a gravação desta mesma canção.

O sol do Rio de Janeiro está ameno hoje, já começa a dar certo friozinho. São 10 da manhã. Vou caminha até a confeitaria Colombo e tomar um café. Dormi mal ontem e noite e tenho que caminhar muito ainda, mas já começa a dar sono...
Não sei exatamente que dia é hoje, em que ano nós estamos, 1929, 1932? Não sei..
Vou partir... parto... vou e volto... mas, vou cantarolando uma canção do momento...

Vejo lágrimas

Autores: Osvaldo Vásques e Ventura
Interpretes: Antônio Moreira da Silva e Gente do Morro

Vejo lágrimas
Eu não sei se é sentimento ou fingimento teu
Tens os olhos rasos d’água
Eu não sei se isso é mágoa ou alguém que te enganou
Confessa ó flor
Se choras por alguém que te enganou
Te conformas que Jesus também se conformou
Mas se o teu pranto é falsidade
Hás de choras toda vida e não terás felicidade
Por que choras?
Vejo lágrimas
Eu não sei se é sentimento ou fingimento teu
Tens os olhos rasos d’água
Eu não sei se isso é mágoa ou alguém que te enganou
Confessa oh flor
Se choras por alguém que te enganou
Te conformas que Jesus também se conformou
Muito mais sofreu Jesus para nos salvar e não chorou

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Sozinho.

Caminhei a noite inteira em teu descaminho,
ao amanhecer só me restou seguir o meu...
sozinho!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sexta-feira.

Sexta-feira

caríssim@s, estive contido em meu emimesmamento nos últimos dias, mas foi uma passagem filosófico-poético-existencialista transitória.
Retornei à realidade obscura de nossos dias comuns e cheguei à seguinte conclusão sobre o ser, o estar, o devir e o caralho a quatro (e a cinco também): o samba dos anos trinta é muito bom! É Bom pra caralho na verdade.
Na verdade não consigo parar de ouvir essa rapaziada toda que gravava na Casa Edson.
Sendo assim recomendo pra quem quiser que ouça sambas dos anos 30 e 40 do século XX.
Fora isso, continuo acabrunhado com a política nacional. E não vou fazer comentário nenhum sobre isso, a não ser este: Pare o mundo que eu quero descer!
Deixem-me ver se há outras novidades...
Ah tem!
Cheguei à conclusão fantástica de que o apolíneo e o dionisíaco de que nos fala o filósofo alemão pode ser entendido em linguagem dos anos 30 (nos morros cariocas) como: Malandro é malandro, mané é mané.
Inclusive pensei se Hesíodo no verso um de Teogonia, quando fala “bem primeiro nasceu o caos”, não estava se referindo a isso também...
Bom, mas ainda estou trabalhando nisso, quando chegar a uma conclusão vou fazer um livro de auto-ajuda e ficar rico.
Por enquanto tenho apenas isso a dizer: O malandro aprende, o mané nem sempre ou: a malandragem se aprende, a otariedade é congênita.
Como hoje é sexta-feira desejo uma feliz qualquer coisa a tod@s.
Saravá!

Ver coisa qualquer.

um símbolo apenas
um sinal
qualquer coisa
uma coisa
qualquer coisa uma
qualquer coisa
um símbolo apenas
um sinal
qualquer coisa coisa qualquer
umacoisacoisaqualquer
qualquer coisa uma coisa uma qualquer
que me faça ver no horizonte
qualquer coisa qualquer...
só um sinal, uma fagulha, faísca, fumaça, frações, frascos boiando no mar, uma carta, uma garrafa
qualquer coisa
coisa uma qualquer...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Para Tony Leão da Costa

Poema de Fábio Pessoa em resposta ao poema imediatamente abaixo.

Houve um tempo em que as certezas eram absolutas.
Houve um tempo em que não havia certezas
Hoje, entre promessas, certezas e incertezas
Vivo sem pedir licença
Detestando a indiferença
Daqueles que acreditam na pós-modernidade
Sou moderno, maluco, careta, anarquista, conservador
Tomo partido, tenho atitude, mudo de opinião, mas não me entrego
Hoje, quero discutir política
Não a política dos profissionais da política de ocasião
Quero discutir a liberdade, razão mesma do fazer política
Quero ouvir as vozes das ruas
Quero sentir o cheiro mal-cheiroso de Belém
Quero me indignar com a cidade
E me alegrar com as pessoas
Hoje, eu quero me entregar aos velhos sonhos
E me deixar levar pelos novos ventos.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Declaração de Voto, 2º turno.

Confesso que apoiarei o PT com reservas neste segundo turno. É difícil engolir, por exemplo, que Almir Gabriel (Governador na época do massacre de El Dourado dos Carajás) esteja de mãos dadas com a Governadora Ana Júlia. É duro engolir a ligação com o prefeito medíocre, populista e autoritário de Belém, Duciomar Costa.
No primeiro turno me mantive totalmente crítico ao governo do PT, sobretudo no Pará. Tenho muitas reservas, e, caso a Governadora Ana Júlia venha a se reeleger, manterei a mesma postura. Porém pra quem lembra dos 12 anos de governo do PSDB no Pará, que coincidiram com os anos do governo FHC em parte, quem não tem memória curta, não pode, ao meu ver, se omitir de escolher um lado, mesmo que este lado não seja o ideal.
Sou totalmente adepto da postura do PSOL de considerar que a luta mais importante está nos movimentos sociais, e que são estes que devem ser fortalecidos. Isso seria muito mais importante do que a ascensão ao poder institucional (Governo do Estado ou do Brasil). Mas como entre a intenção e o gesto há um longo caminho, corro o risco de escolher um lado das propostas existentes. Mantendo o compromisso de seguir crítico mesmo às políticas do Partido dos Trabalhadores.
Sendo assim, declaro meu voto no segundo turno: voto em Ana Júlia e em Dilma e sou convictamente opositor ao retorno do PSDB, seja no governo Federal seja no Estadual. Da mesma forma entendo que não é momento de nos omitirmos, na medida em que o voto nulo não representa, no presente instante, nada mais que uma rebeldia infértil.
Prefiro manter-me fiel a uma postura crítica e propositiva do que à proposta de não fazer nada em momento tão crítico.
Tony Leão da Costa.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Teoria do Poder.

Do fragmento

I - Prelúdio

Eis o tempo do fragmento
Eis o tempo do pueril
A atmosfera é pesada e poluente agora
A arte se tornou a Arte
A Arte não precisa mais de nada, é a metafísica do novo idealismo
O discurso separou se definitivamente da voz
A voz que grita já não é mais a voz que fala
Há muito que o símbolo é mais importante que a dor
De todos os lados surgem profetas da incoerência
A meta-linguagem é agora o meta-poder
Tudo é líquido, tudo é fluido, tudo e sórdido
Os olhos arregalados dão a direção
Deus-imagem-mercadoria-meta-discurso tudo vê, tudo sabe, tudo sente, tudo é
Tudo é possível, menos a realidade
Tudo é provável, menos o real
Tudo é poder, mas não temos mais poderosos
Todos os tecidos estão rompidos
Todas as teias criam imagens do fragmento
O fragmento é a razão das coisas agora
O homem-lâmina caminha sossegado
O homem-reluzente, translúcido, transparente, transbordado de informações
É ele a própria mercadoria
Tudo é partícula agora
O íntimo é um espelho
Banheiras, calcinhas, cuecas, vivemos a pós-modernidade do lingerie.
“Tudo que é sólido desmancha no ar”

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pó do tempo!

há entulhos no meu armário,
há restos na cama,
há migalhas no chão de minha casa.
quando isso ocorrer
chame o corpo de bombeiros,
dê as migalhas pro cachorro comer
ou use uma vassoura!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Partir.

Finalmente cheguei ao lugar de não-estar.
Daí, que posso agora partir
para todos os lugares de não-existir...

Poema de Raquel Costa

Digestão.


Pemeiro, eu te bebi
em doses suaves, repetidas
em goles longos
como a qualquer outra bebida
eu te sorvi
absorvi teu hálito
teus líquidos, teus espasmos.
Depois, te engoli
tão fácil, tão fálico
em doses únicas
de gozos
te possuí.
Então, eu te expeli
das entranhas, dos nervos
te vomitei
e ti e aos meus erros
espremi meus desejos
te expulsei dos poros
dos sonhos
e te esqueci.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ainda sobre o Círio de Nazaré (micro considerações).

Quem viu a matéria do Jornal SBT Pará do dia 11 de outubro viu o que eu já havia falado antes aqui: o Círio é a história da tensão entre clero e povo, dentre outras tensões. A agressão de um Guarda da Santa a um romeiro no meio da multidão é a prova disso.
Mas existem tensões muito mais fortes. A exclusão social se expressa em todos os palcos da vida, e o sacro não poderia fugir disso, vide Festa da Chiquita, Cirial, ou mesmo a simples presença de tanto povo, ribeirinho, índio, mestiço, caboclo, que ouve tecnobrega, que bebe e que dá a forma final do Círio. Quando o povo quer, ele corta a corda, mesmo antes que a diretoria queira.
Aqui não é uma questão supra-terrena, trata-se de um conflito humano e social. Mas volto a dizer a tensão é constitutiva (já o disse Heraldo Maués). Agressão contra este povo não é a melhor forma de contato. A diretoria saberá disso, por bem ou por mal.
A direção da festa deveria se posicionar em relação à agressão do Guarda ao promesseiro. A dificuldade de organizar o Círio não pode ser motivo pra excessos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Considerações sobre os modernos meios de comunicação de massa!

A internet é a salvação das pessoas com insônia, antes era o álcool. O foda vai ser quando todos os bares tiverem internet!

http://twitter.com/#!/Tony_Leao

Memórias boêmias do Círio de Nazaré.

Nos meus bons tempos de boemia irresponsável, hoje é mais madura (será?), costumava ir para a Festa da Chiquita, juntamente com a “Canallha”, na noite do sábado anterior à grande procissão do Círio de Nazaré...
Costumávamos ficar na Chiquita até quase amanhecer e, lá por volta das 4 da manhã, rumávamos para o Ver-O-Peso onde encontrávamos milhares de fies se colocando ou já colocados na corda da Santa, para pagar promessa. Esse era o momento maior do sacrifício humano, “ir na corda”!
Éramos parados pelos homens do exército que pediam que tirássemos os sapatos, já que, de determinado perímetro em diante, sapatos nos pés poderiam machucar os demais promesseiros descalços. Fazíamos isso. Circulávamos na multidão que se formava e rumávamos para as barraquinhas da feira.
Lá a patuscada recomeçava. Tecnobrega pra cá, Brega pra lá, barulho pra todos os lados, fogos constantes, pessoas falando o tempo todo, “cuidado com a carteira” (dizíamos uns aos outros!), mais uma gelada, mais outra, mais outra, enquanto a multidão se aglomerava na rua à frente.
O dia amanhecia, o sol aparecia rumando da baia do Guajará em nossa direção e o centro de Belém há esta altura já estava tomado por milhões de pessoas: “rio de gente”, com o já disseram tantos poetas!
O Ver-O-Peso fervilhava, pipocava, explodia. Caboclos de todos os lados, pobres, ricos, turistas, boêmios amanhecidos da Chiquita, promesseiros, vendedores, trombadinhas, prostitutas habituais, cheiro de peixe frito no ar, a constante ameaça de uma pancadaria, cada barraca com o seu som no máximo, suor, calor, e fogos e fogos anunciando que a santinha tava pertinho. Barulho infernal!
Barulho infernal!
Mas, eis que a Santa passou na frente das barracas do Ver-O-Peso e, como que por milagre, ao passar lentamente carregada por milhares de pessoas espremidas umas as outras, os sons das barracas eram desligados, de acordo com seu caminhar. Os bêbados por um momento retomavam parte da sobriedade perdida e cambaleantes percebiam que era hora de ficar quieto e calado. Todos olhavam a santinha pequenina passar ao longe, cercada pela corda e pela cúpula da igreja.
Ao passar na nossa frente o tecnobrega da barraca era substituído pelo falar dos devotos, pelos fogos em homenagem à Santa (que na verdade nunca paravam!), pelos sinos que da Sé ainda repicavam e pelo “vós sóis o lírio mimoso...”, cantado em coro na rua. Em cerca de 10 minutos a Santa passava e ao passar, como uma onda organizada, o som das barracas eram religados, uma a um, do mais distante ao mais próximo, seguindo a lógica do afastar-se da berlinda.
Um dos nossos saiu do transe sagrado e de repente grita: “ei garçom pega mais uma gelada ai!”. E o Ver-O-Peso fervilha, pipoca, explode novamente. Caboclos de todos os lados, pobres, ricos, turistas, boêmios amanhecidos da Chiquita, promesseiros, vendedores, trombadinhas, prostitutas habituais, cheiro de peixe frito no ar, a constante ameaça de uma pancadaria, cada barraca com o seu som no máximo, suor, calor, e fogos e fogos anunciando que a santinha ta indo embora, mais ainda tá pertinho. Barulho infernal!
Barulho infernal!
Até o ano que vem!



Para os não iniciados:

Festa da Chiquita:
No sábado à noite ocorre a Festa da Chiquita, que iniciou ainda nos anos 80 ou fins de 70 (não tenho certeza) inicialmente como uma festa profana dentro da programação religiosa, sem o apoio da igreja obviamente. Com o passar do tempo foi sendo incorporada ao movimento gay e se tornou evento de afirmação GLBT. Já há muitos anos tem essa conotação, com a presença de Drag kings e a escolha do “Veado de Ouro”, para o melhor desempenho no concurso. A festa vai até altas horas da madrugada, ao som de música eletrônica e depois carimbó. Ocorre ao lado do teatro da Paz, na praça da república. Por volta das 4 da manha faz concorrência com os promesseiros que vão acompanhar o Círio de Nazaré.
Segundo o organizador da festa, o velho requeiro paraense Eloi Iglésias, a Festa da Chiquita é tão importante que só nela Nossa Senhora original se faz presente, nos demais eventos religiosos do círio ela manda suas covers (A santa peregrina, que é a replica da original!).

Círio de Nazaré:
A maior evento do catolicismo brasileiro e possivelmente um dos maiores do mundo. Uma festa de santo como tantas outras (fora o tamanho!) que culmina com a grande procissão do segundo domingo de outubro, que chega a levar as ruas de Belém mais de 2 milhões de pessoas. Sobre o Círio não dá pra falar muito, tem que ser vivenciado!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Micro considerações sobre o Círio de Nazaré!

Gosto do humanismo do Círio de Nazaré, do povo na rua, o povo tomando a procissão pra si, mas não gosto da cúpula conservadora! Infelizmente a cúpula da igreja católica paraense é fundamentalmente conservadora!

Círio de Nazaré: história da tensão entre igreja e povo, sagrado e profano, ordem e desordem, clero e multidão. A “corda” é símbolo disso! É a tensão constitutiva de falam antropólogos como Heraldo Maués.

A Santa Peregrina, que sai pela cidade na festa, é índia, personifica o povo. A santa original é portuguesa, personifica a igreja. Tensão!?



A Festa da Chiquita, do movimento LGBT, na véspera do Círio, mostra que a Santa é das minorias, assim como da maioria cabocla excluída, aqueles que estão às margens da cidadania e dos rios!

Só entende o Círio de Nazaré quem faz a experiência antropológico-filosófica de acompanhá-lo. O seu sagrado/profano escapa ao verbo!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Grande poema dramático.

Já não sei quem sou
Oh mundo!
Oh deus!
Oh mar!
Oh céus!
Já não sei quem sou!
Onde estou, pra onde vou?
Já não sei quem sou!
Mas é melhor assim, tô fudido e mal pago, devendo pra Deus e o mundo e se eu lembrar quem sou terei que pagar pra todos!

(Madrugada de 06 de outubro de 2010)

Canalha por mim mesmo!

A Canalha era um grupo de amigos que se encontrava nos bares ao redor da Universidade Federal do Pará em idos dos anos 1990. Quase todos eram de história. Quase todos eram muito críticos aos alunos almofadinhas e de classe média e alta que começavam a freqüentar com vigor o curso. Havia uma espécie de aversão aos nerds. Mas quase todos eram também meio críticos aos alunos militantes profissionais (apesar de que alguns acabaram militando um pouco em Centros acadêmicos e DCEs). Todos eram de esquerda e boêmios, ou mais ou menos isso. Creio que todos ou quase todos eram da periferia de Belém.
Nessa historia de não gostar muito de ninguém, todo mundo enchia a cara nos bares da redondeza, sobretudo no bar do Mezenga, que vendia cerveja mais barata e às vezes dava tira gosto de graça, quando sobrava das marmitas que ele vendia.
Neste bar costumávamos falar mal dos nerds e dos militantes (um pouco menos destes últimos) e brindávamos. Por influencia das aulas de historia do Brasil 4, do professor Paulo Watrin, lemos Hilmar Matos e, parafraseando os termos que a elite do XIX utilizava para se referir à ralé costumávamos brindar com frases do tipo: “Um brinde à ralé”, “um brinde a vil ralé que cospe no chão”, “um brinde à canalha, às classes perigosas”, etc.
Alguns professores boêmios nos acompanhavam nestas farras. Com o passar do tempo ficamos com a fama de turma boemia, de alunos legais, mas não nerds (apesar de muito bons alunos alguns!), meio engajados (militávamos muito nas eleições de 1996 até fins de 2000, pelo PT, a maioria), mas não militantes profissionais. Sinais do tempo.
Surgiu a canalha, como identidade e reconhecimento.
Daí alguns viraram poetas ou já eram (chegamos a fazer 1 sarau na universidade), outros professores (praticamente todos de escola pública!), outros amigos sumiram, outros casaram, outros viraram cantores, outros atores. Depois formamos um bloco de carnaval.
Mas todo mundo continua duro e boêmio!
Fim da história!

Canalha por Raquel Costa.

Mas a melhor definição da Canalha, feita por uma das integrantes, foi a que Raquel Costa, querida amiga e poetisa (que tem como sonho ser cantora de cabaré vagabundo, mas que permanece como uma simpática e cristã professora de ensino média, ops!... falei demais!)... Voltando ao assunto, a melhor definição foi a feita por Raquel. Vejamos!

"Talvez eu devesse falar da canalha, desse povo que enche os bares movidos a boêmia e alcool, desse grupo estranho e perfeitamente normal. Os canalhas em geral se entendem e seguem os mesmos ritmos. Alguns se definem como tal e ditam regras e criam conceitos e enquadram o que é ser canalha. O que são os canalhas, se mil traços os une e um milhão os separa? Seria uma filosofia barata? (mas há os práticos demais?) um certo projeto de vida? (todos fatalmente mudam de opinião) um mero grupo de colegas? (talvez). A canalha é por definição aquilo que se vive, se é, se quer ser. Mais que uma brincadeira da juventude, eleva acima da mediocridade atos banais e corriqueiros. À espera do manifesto canalhista, só posso dizer da canalha que quem não conhece não sente falta, mas quem passou por ela e sobreviveu vai sempre se lembrar das figuras hilárias que geralmente embriagadas deram às falas e ações naturais uma cor especial."

Raquel Costa, idos de 2000.

Filosofia da Canalha, dentre outras asneiras!

Uma vez um grupo de amigos e eu, “A Canalha”, fomos acusados de sermos apenas um bando de gente bêbada que não refletia sobre coisas importantes (o que era a mais absurda verdade, diga-se de passagem!). Foi pensando nisso que resolvi escrever um manifesto na época, retrucando tais afirmações infames. Coloco-o novamente para a comunidade, já que o “Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão!” está preste a fazer sua primeira feijoada, dia 16.
Alguns aqui já leram a historia do Bloco em crônica anterior. Eis um pouco da Canalha!

"Ensaio de Filosofia Profunda

A Canalha e os profundos questionamentos da atualidade.

Uma acusação muito comum que pesa sobre a Canalha seria seu suposto vazio teórico e vago posicionamento político. Para muitos a Canalha não passa de um grupo de jovens transviados, transvertidos e retardados em seu próprio tempo histórico – juventude javali, como diria Tom Zé.
Um grupo que só desenvolve atividades de caráter efêmero e sem consistência filosófica. “O que é a Canalha?”, perguntam provocativamente críticos de todas as vertentes. Um bando de pessoas sem consistência em suas idéias e projetos, respondem os mesmos.
E dizem mais: em um mundo de grandes questionamentos e grandes acontecimentos a Canalha não se posiciona frente aos temas da modernidade:
Qual o posicionamento da canalha frente ao 11 de setembro?
Qual seu posicionamento frente à guerra do Iraque e ao assassinato de Sadan?
Qual seu posicionamento frente à questão Palestina, ou a questão do governo Morales?
Outros questionamentos são mais filosóficos:
O que pensam os canalhas sobre a pós-modernidade, qual seu posicionamento frente à história como meta-discurso, do mundo como realidade discursiva e não material; qual seu posicionamento sobre o existencialismo de Sartre ou a arqueologia de Foucoault, etc e etc.
Creio que tais críticas vêm de grupos sociais conservadores e anti-revolucionários que desconhecem o papel desempenhado pela Canalha no mundo moderno, grupos que a pensam como movimento monolítico, homogêneo e raso.
Considerando tais questões resolvi neste breve texto lançar a idéia de uma revista da Canalha para que seus pensamentos possam ser divulgados aos quatro cantos e também no mundo quântico. Proponho como nome “Revista de Estudo Avançados da Canalha” e que tenha como tema a discussão de assuntos profundos.
Como proponente aproveito para indicar alguns temas de filosofia profunda que acredito que poderão ser discutidos pela Canalha nesta revista:
Temas de filosofia profunda:
1 Que é um poço?.
2 Sobre abismos e lugares baixos.
3 Cair num bueiro dói?
4 Buracos de tomada: colocar ou não o dedo nelas?
5 Bago de farinha em buraco de dente dói? (este um tema regionalista!)
6 O mundo na perspectivas dos anões.
7 Existe um mundo subterrâneo?
8 A sociedade das minhocas.
9 Homens das cavernas.
10 Por que quando morremos somos enterrados e não jogados pro ar?
11 Existem buracos aéreos?
12 É escuro dentro de um buraco negro?
Etc.
Esses são alguns temas que poderemos discutir com desenvoltura e, como os títulos já demonstram, são temas profundos ou pelo menos pouco altos.
Espero a respostas de meus companheiros canalhas para o início de mais essa empreitada de sucesso editorial.
Para finalizar proponho que tais assuntos sejam discutidos e debatidos entre os canalhas nos bares da vida, onde os temas de filosofia profunda sentem-se mais a vontade para fluir, afinal, se tem uma coisa que todos concordam sobre a Canalha, sejam os detratores,sejam os adeptos, é que a canalha não passa de um bando de cachaceiros”

Idos de 2007.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Nada a declarar!

Tendo em vista o quadro político do Brasil, fico pensando se não seria melhor a gente desfazer tudo, inclusive a colonização, e refazer tudo de novo, pra ver se desta vez dá certo!
É que Barabalhos, Malufs, Tiriricas, Romários, Bebetos, Sarneys... conseguem me deixar preocupado e com vontade de dizer: "para o mundo que eu quero descer!"
Mas meu desânimo é temporário, tenho certeza, é que... (permitam-se me definir como uma pessoa sensível)... é que os poetas têm essas frescuras mesmo, crises existenciais e grande desânimo quando as coisas não saem como eles querem. No fundo são uns egoístas. Bom, pelo menos eu o sou, isso é certo...

Mas voltando à política... ah deixa pra lá, vou dormir, acho que não tenho nada de bom a dizer!
Boa noite a tod@s!