quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Uma vez conversando com um amigo em Niterói disse a ele que o funk era mais significativo na vida das comunidades cariocas do que a escola. Ele não entendeu a frase e se indignou dizendo aquele papo todo de educação inclusiva, etc. e tal.
“Ivo viu a uva”. À esta frase Paulo Freire colocava outra, problematizando a realidade de seus alunos: “Ivo viu a uva e ela estava inacessível pela existência de cercas nas terras”.
Enquanto nós continuarmos falando que funk não é cultura, que tecnobrega é lixo cultural, nos não entenderemos porque temos uma cultura cindida, fruto de uma sociedade dividida em cercas sociais e culturais, uma sociedade desigual!
A questão não é gostar ou não de funk ou tecnobrega, a questão é entender o que eles têm a nos dizer, como cultura, sobre nossa sociedade!
A cultura popular é viva, assim como o povo, mas nem sempre eles se apresentam como quer nossa vã filosofia pequeno-burguesa, refinada nos costumes das “artes elevadas”. Cultuar o pobre de antes e sua cultura (a “beleza do morto”) é muito mais fácil e elegante do que lidar com a “cultura viva” do aqui/agora. Pobre se agita muito e deixa intelectuais, militantes e a classe média confusa (e com sensação de rejeição), assim como deixa as classes altas com medo da desordem!!
Digo e repito: o funk e o tecnobrega, por exemplo, são mais significativos para as populações periféricas do Brasil do que a educação formal!
Por que será?!

3 comentários:

  1. Não reconhecer as expressões culturais das classes subalternas, ou ainda, classificá-las como artes menores ou pior saberes menores é uma forma de fascismo imposta pelo capital, aplicada pelos Estados Nações e legitimada pela sociedade burguesa. Aqui no Rio existe uma lei bizarra que proíbe festas funks...

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  2. Voltarei a este tema no futuro, acho que muita coisa a ser dita ainda.

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  3. o outro, o novo, o diferente...
    êta coisinhas difíceis de aceitar, né não?!
    tive um amigo que era triste, pois o mundo e as pessoas não se comportavam como achava ele que devia ser.
    ponderava então com ele: mas camarada, imagina um mundo só de vocês!!! ou um só de mins!!! te garanto que eu não me ia aguentar!!!

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