quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Declaração de voto!

Após profunda meditação declaro que o meu voto vai predominantemente para os candidatos do Psol. No segundo turno no Pará (e quem sabe no Brasil), as coisas têm que ser reavaliadas. Mas por agora apoio os candidatos socialistas e defensores das lutas sociais.



Boa eleição à todos!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Que tal terminarmos o mês com sexo?

Já que sexo não faz mau a ninguém!


Festim licencioso

já conheço tua boca,
a cor de teus dentes, hirtos,
que me arranham a pele
o doce da saliva
o macio de tua língua, sedosa.
estou completamente apaixonado por ti,
enquanto duram os segundos efêmeros de teu beijo.
só neste ínterim te amo!

já conheço teu corpo
onde encaixo melhor em tuas ancas,
conheço tuas manhas
tuas partes em volúpia, tesas
onde chego ao êxtase
adentro em teu corpo,
friccionamo-nos na carne,
atrito carnal.
a carne se agita, trêmula, inteiriçada, elétrica.
plena excitação genésica.
já conheço tua orgia,
o nosso festim licencioso.
(12/06/2000)




Festim licencioso II

entrei no vão mais intimo de teu corpo,
onde hermeticamente guardaste tuas manhas.
vão-se horas, dias, anos, (ânus)
tento descobrir a fonte de teus tresvariamentos
esvaio-me em ti
lusco, caminho sem caminho
em vão tento entender
agarro-me ou tento em tuas carnes
deslizo em tua pele
percebo no meio das luzes,
ou em sua total ausência, somente o fardo pesado do não saber
sofro com meus delírios infames
sofro, pois infames
sofro, pois delírios
és incólume prazer que a mim se apresenta
e eu leso e lerdo manquejo em teu corpo
como criança em tenra infância
que vê o mundo pela primeira vez.
(2000?)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vaga

vago vago
como vago vaga-lume
que não ilumina mais
vago vago
vago navegante
que de vaga em vaga
não alcança o cais
vago vago
como nume
sem seu brilho e altar

sábado, 25 de setembro de 2010

Show de Aninha do Rosário no SESC Doca.



Toda última segunda-feira do mês, no SESC Doca, o Instituto Cultural Extremo-Norte apresenta o Projeto Sons & Versos, unindo música e poesia. Nesta segunda, 27/09/10, a partir das 19hs Ana do Rosário estará participando do projeto, cantando acompanhada dos músicos Osvaldo Cunha, Eliezer Aviz e Amaral com muito samba, MPB... Venha e participe dessa ciranda!
"Disque" vai ter músicas minhas e de Osvaldo Santos (Cunha) no repertório. Eu vou lá ver! Vamos!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"No ano da decisão"

Meu povo e minhas povas, logo logo ocorrerá a feijoada do "Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão". Será em outubro, mas já começo a fazer a divulgação.
Em texto anterior falei como surgiu este bloco de carnaval de rua, do qual faço parte. Quem quiser saber mais leia o post http://mimcomigomesmo.blogspot.com/2010/08/o-que-e-e-como-surgiu-o-bloco-da.html deste mesmo blog.

Bom, hoje quero mostrar a tod@s a marchinha que fizemos pro carnaval passado, do início deste ano. A letra é minha e a melodia de meu querido Osvaldo Santos. Segue a letra e o som pra quem quiser ouvir.



No ano da decisão
(Osvaldo Santos e Tony Leão)

Esse ano é! Esse ano é!
Um ano de decisão
Três anos de “Bloco da Canalha”
Três anos de patuscação

Esse ano é, esse ano é
Um ano de decisão
Como a canalha não tem candidato
Lanço Rei Momo pro comando da nação

Não sei que o faço, pra que lado corro
Tá tudo armado à direita e à esquerda
E o populacho não tem nem pronto-socorro
Esculhambado, fica mesmo é na sarjeta

Vou caminhando pelas ruas de Belém
Levo comigo serpentina e purpurina
Fico esperando que na “terra de direitos”
Que me enfiem só se for com vaselina

Esse ano é sim senhor
O ano do cai-não-cai
Tem prefeito que “disque” tá saindo – e ainda não foi?
E tomara que não volte mais.

Mas esse ano é! Esse ano é!
Um ano de decisão
Três anos de “Bloco da Canalha”
Três anos de patuscação

Esse ano é, esse ano é
Um ano de decisão
Como a canalha não tem candidato
Lanço Rei Momo pro comando da nação


Saudações canalísticas a tod@s!

Lula.

Recentemente tive o seguinte insight: se o Lula sair da presidência (bom isso vai ocorrer mesmo!) e resolver voltar a perambular pelo Brasil, como fazia antes de ser de centro ou sei lá o que ele seja hoje... E se ele visse que tudo que disse que tinha feito, ou pelo menos a maioria, não ocorreu exatamente assim. Daí ele voltaria pra uma próxima eleição depois da Dilma e vai fazer tudo que ele não fez. Seria uma espécie de arrependimento de não ter sido o que todos acreditavam e acreditam que seria.
Fico pensando isso, em minha ingenuidade dissimulada, ou ingenuidade mesmo, pois lembro do dia em que fui à Brasília na primeira posse do Lula. Fiquei a uns 100 metros do púlpito, onde “pela primeira vez na história deste país” um operário se ternava líder da nação. Lembro que olhava pro Lula (todos nós sempre o temos como um amigo íntimo, não é!) e pensava: tudo bem que ele não vai fazer muita coisa, sabemos, mas vai fazer bastante coisa, tenho certeza. Depois de refletir um pouco não me contive e chorei copiosamente (igual o Caetano Veloso quando ouviu pela primeira vez a música que o Roberto Carlos tinha feito pra ele - como diria o JJ).
Toda vez que converso com amigos sobre este dia, fico sabendo que eu não era o único chorando Brasil a fora...
Hoje percebo que o Lula é apenas o retrato de nosso herói nacional. O herói nacional que seria um indivíduo, frente a todas as forças das estruturas políticas e sociais, mas no qual depositamos todas as nossas esperanças. Continuamos assim. Mesmo os supostos intelectuais críticos (serei eu um deles!?) de vez em quando, ao se descuidarem caem na velha tentação do carisma do líder, no mito do herói que salva a todos, o “pai” do pobres como foi Getúlio e quer ser agora o Lula.
É o lado afetivo da política, que não conseguimos evitar, sem grande esforço. Seria aquilo que George Sorel chamou de “mito político”, que tem como característica principal criar uma mobilização social a partir de um mito coletivo. Em nosso caso a mobilização se desfez na posse do Lula. A força popular deixou o cenário político para deixar no líder a ação das mudanças ou pior ainda, das não-mudanças... Quer merda seria isso então: infância política do povo? Etapa que não chegamos ainda? Resquícios do populismo? A lentidão do pós-liberalismo? Eu não tenho a menor idéia!! Se alguém ai souber que me diga!
Aí caímos na realidade. O país ainda é desigual, a terra ainda não foi socializada, o agronegócio expande, o trabalho escravo permanece, a violência policial é estrutural aos pobres e negros e índios, a educação ainda está muito mau, a saúde idem, o meios de comunicação permanecem nas mãos de poucos oligopólios, a direita nunca saiu do poder, pobres/negros/índios ainda são minoria nas universidades, nos empregos de alta remuneração, as mulheres ainda são espancadas diariamente, as leis não funcionam, o ECA não funciona como deveria, o desmatamento na Amazônia segue a passos largos, a seca no Nordeste permanece, etc, etc, etc.
Claro que houve progressos em várias áreas. Não vamos dizer que nada não mudou, não quero ser injusto com o governo do PT e os “300 picaretas com anel de doutor” que os cerca. Mas me pergunto se não foi por um processo “natural” de crescimento do Brasil como potência em desenvolvimento? Obviamente, no jogo das relações políticas, mesmo a direita atende à determinadas demandas sociais...
Mas aquele negócio todo de mudança? Aquilo que era o PT nos anos 80 e até um pouquinho dos anos 90?
O certo é que a estrutura permanece. Estamos sem saber o que fazer exatamente. O modelo permanece o mesmo, com algumas poucas modificações superficiais...
Quando me lembro de tudo isso fico pensando por que eu chorei enquanto via o Lula falar no púlpito em Brasília...
Vai ver eu chorei mesmo por incerteza!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ampicilina

desfigura figura
arranca a faceta
boceta!
corta com gilete
a cara - teti-a-teti
alimenta
afoga afoga
deságua
deságua desata maltrata
maltrata
maltrata ingrata
afoga a mágoa
lamine meu rosto
desgosto
retire a pele bem fina
amofina
tudo cura com ampicilina

(janeiro de 2009)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Àqueles que pretendem ir ao paraíso.


Às vezes relampeja
Às vezes a lua sai
Às vezes o sol esquenta
As vezes a chuva cai
A única coisa que não acontece
É alguma coisa não acontecer
Às vezes o inverno é frio
Às vezes o verão é quente
Outras, neva na Europa
E aqui, chove de repente
Um raio acerta a arvore
Um barulho e um clarão
Toda vez que relampeja
Fica clara a escuridão
(Tony Leão)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Meu aniversário.


Foto tirada no meu último aniversário!


Meu aniversário é dia 21, na quarta, dia 22, as 19 hs, no
Bar Velharia (antigo Carpe Diem) estarei recebendo os amig@s para
confraternizar. Junto a isto rola o já tradicional Sarau Literário do Extremo
Norte (pegaremos sua carona este ano). Estaremos ainda dizendo até logo a nossa
amiga Kissia que vai voltar a Curitiba e pra Jesus que vai pra Marabá (?). E
ainda estaremos comemorando o aniversário do Boi da Terra.
Não precisam levar presentes, levem poemas, violas, pandeiros
e dinheiro pra cerveja rsrs.
Até lá!

domingo, 19 de setembro de 2010

Feliz em saber que Jaqueline Souza, que faz parte de minha ilustre lista de seguidores, foi premiada, juntamente com sua equipe, em um evento nacional sobre arte nas escolas.
Pra quem quiser saber mais, repasso o e-mail que ela me enviou.
Muito massa. Parabéns Jaque!!!



Uma iniciativa em ensino de artes para alunos de escolas públicas foi premiada pelo Instituto Arte na Escola como um dos cinco melhores projetos de educação em artes do Brasil.
O Auto da Barca Amazônica é um espetáculo criado em 2007 pelos professores Jaqueline Souza, artista plástica e cênica e Paulo Anete, artista plástico e carnavalesco.
A primeira edição do Auto da Barca Amazônica aconteceu em 26 de outubro de 2007 com alunos de ensino médio do colégio São Francisco Xavier, localizado na cidade de Abaetetuba região do Baixo Tocantins, Pará. O objetivo principal do projeto é envolver os alunos em atividades ligadas as artes do espetáculo: teatro, dança, circo, cenografia e também trazer a tona os velhos costumes de contar estórias, a valorização da cultura local e dos saberes da comunidade.
Todo esse processo resulta na produção de um grande cortejo cênico que sai pelas ruas da cidade de Abaetetuba.
Já temos três edições do projeto e neste ano de 2010 estamos nos preparando para produzir um documentário que será exibido na cerimônia de premiação que acontecerá no dia 26 de outubro em São Paulo.

Esta premiação é realizada pelo Instituto Arte na Escola, pelo SESI e Fundação IOCHIPE visando reconhecer e revelar projetos desenvolvidos por profissionais de ensino na área de Arte.Este prêmio é destinado aos professores ou equipes de professores que desenvolveram projetos nos anos de 2008 e/ou 2009 nas respectivas escolas de ensino regular, públicas ou particulares, em todo o território nacional e em qualquer uma das quatro linguagens artísticas (Artes Visuais,Dança,Música,Teatro).

É a primeira vez em onze edições do concurso que o prêmio sai para um projeto de escola pública da região norte e foi justamente no interior do estado do Pará, na cidade de Abaetetuba de onde saem as mais diversas notícias de violência,tráfico de drogas.


Nós da equipe do ABA só temos a agradecer e compartilhar esse prêmio com todos aqueles que acreditaram no nosso trabalho e no sonho de desenvolver a transformação da sociedade através da arte.
Jaqueline Souza
Veja os vencedores do XI PAEC:
http://www.artenaescola.org.br/premio/resultado.php
Conheça nosso blog
http://www.autodabarcamazonica.blogspot.com/
Eu não tenho nada a declarar.
Só uma coisa a música do Almir Sater “Trem do Pantanal” não me sai da cabeça. Que linda canção, me deu até vontade de partir para Santa Cruz de La Sierra...
Fora isso, não tenho nada a declarar, até mesmo por que já fiz a minha declaração de imposto de renda este ano e a restituição foi uma merda...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Oco

Oco
Nada há em mim
Nem meio
Nem início
Nem fim
Vácuo
Sem nome me contém
Nada por mim passa
Nem vai
Nem vem
Será que vai chover hoje? E se chover, será que vai relampejar?

Manual de uso atualizado!


Car@s usuários deste blog, brav@s combatentes, venho adverti-los que tenho andado meu deprê nos últimos dias e possivelmente vou andar assim por um bom tempo.
Sabe aquele velho deitado chinês que diz: “sabe quando todas as previsões apontavam que as coisas iam dar erradas e elas deram mesmo? Então, as previsões foram às únicas que deram certo!”
Na verdade não foi porra nenhuma de velho chinês quem disse isso, eu acho que fui eu há alguns dias atrás inspirado no conhecimento universal que paira no ar. Minha tese é de que tudo está escrito nas estrelas.
Possivelmente foi algum grego que disse isso pela primeira vez! A gente não sabe, mas os gregos inventaram tudo. Isso é verdade...
Divagações à parte, quero voltar ao tema desta imprecação: tô meio deprê e quando fico assim lembro de Marx, o velho alemão:

“todas as relações fixa, enrijecidas, com seu travo de antiguidade e veneráveis preconceitos e opiniões, foram banidas; todas as novas relações se tornam antiquadas antes que cheguem a se ossificar. Tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profano, e os homens finalmente são levados a enfrentar (...) as verdadeiras condições de suas vidas e suas relações com seus companheiros humanos”

No fundo no fundo, eu acho que Marx começou esta história de criticar o capitalismo por questões amorosas. Perceba o quanto amoroso é este discurso. Na verdade defendo que é um discurso sobre o desamor. Hei um dia de defender minha tese de livre docência em Ciências Ocultas provando que Marx era um apaixonado...
Bom, nesta altura do campeonato eu já nem lembro o que eu queria dizer a vossas senhorias. Espero pelo menos que estejam bem (falo dos 19 seguidores deste humilde blog).
Aproveito pra perguntar se alguém teria 100 reais pra me emprestar? Ocorre que acabei gastando muita grana ultimamente em projetos falidos e conspirações mundiais que não se efetivaram e tô querendo tomar uma cervejinha.
Se alguém aí, neste mundo virtual de meu Deus, quiser me acompanhar estarei todos os dias no boteco da esquina esperando que algo de novo e bom ocorra.
Bom, já devo estar torrando a paciência de vocês... mas vocês se colocaram como meus seguidores por que quiseram, ninguém os convidou...
Ops!... Lembrei que convidei sim! Bom, desconsiderem o último parágrafo acima!
Sem mais nada a dizer, concluo não concluindo a merda do assunto que eu queira tratar aqui.
Com a esperança de encontrá-los um dia pessoalmente e poder beijá-los um a um em suas mãos, me despeço.

Passem bem queridos amig@s virtuais.
Hoje acordei sereno
A noite me molhou

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Poema eqüino (ou a porra do sono que não vem!)

Cabeça de cavalo
Partida ao meio
Cabeça de cavalo,
Tenho receio.
Cabeça de cavalo partida.
Carcomida.
Cabeça de cavalo na comida!
Cabeça de cavalo partida ao meio,
Uma parte pra cada lado.
(24 de agosto de 2010, 03:30 hs em Marte)
Quando o silêncio ocupa todo o espaço
Quando o silêncio ocupa todo o tempo
O silêncio anula toda vontade
O silêncio acaba com o movimento
Quando o nada invade a sala
Quando o nada invade a casa
Quando o nada invade o silêncio
Sinto a dor do Nada-Ser
Quando a angústia invade o silêncio
Quando a angústia invade o nada
E o tempo...
A loucura é o único refúgio para solidão:
Então,
Ouço música velha
Visto roupa usada
Anulo toda vontade
Anulo todo movimento
(2003)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Larissa

flor do mundo
minha flor querida
em meu pequeno uni-verso
meu mundo é pequeno
mas não o é meu ser
flor do mundo
inversamente proporcional ao tamanho de meu mundo
versamente proporcional ao tamanho de meu querer

domingo, 12 de setembro de 2010

Carta a uma amiga em terras frias.

Minha cara amiga Alanna, como andas?
Espero que estejas bem ai em terras distantes de tua natalícia morada.
Escrevo-te esta breve carta, ou e-mail como dizem nos dias de hoje, apenas para devanear sobre assuntos vãos. Tenho percebido que nos dias de hoje as pessoas não costumam perguntar como estão as outras pessoas queridas, mais ou menos queridas ou mesmo conhecidas. São os tempos modernos... na verdade os pós-modernos. Essa tal de atitude blasé de que fala Simmel às vezes me enche o saco.
Imagino que deves estar te deparando constantemente com ela. São os sinais do tempo. Tu que és historiadora deves saber lidar com o tempo, ou não?
Bom, disse uma vez um crítico, acho que foi Fredric Jameson, que os historiadores sofrem de um sério problema de falta de historicidade. Eu concordo com ele, o nosso mau é o falta de noção sobre o tempo, sobretudo o nosso próprio tempo... Bom, como sabes os marxistas ainda são os melhores...
Mas esta não é um ensaio sobre a vida moderna. Gostaria de saber como está a tua vida, quero saber coisas banais que talvez nem tenha intimidade para perguntá-las. Por exemplo: tomaste café da manha hoje? O que terá pro almoço? Como foi a noite de sexta? Qual e a temperatura em Curitiba?...
Quanto a mim, quero dizer apenas que amanheci ouvindo Roberto Carlos. Ouvi recentemente de uma amiga que temos três fazes em relação ao “Rei”: a juventude na qual o negamos radicalmente, uma fase intermediária na qual começamos a ver que ele tem algum talento e a fase final, da suposta maturidade, na qual percebemos que ele é bom pra caralho!... Parece-me que estou na transição para a terceira fase (risos).
Pensando nisso me pergunto se te escrevo inspirado na frase de Roberto: “Como vai você? Eu preciso saber da tua vida...” Sei lá que vontade imperiosa me acometeu...
Bom, no mais as coisas estão boas por aqui. Espero que esteja o mesmo por ai. Deixo beijos saudosos para a amiga e espero vê-la em breve.
Tony Leão.
Belém, domingo, Terra Firme, 30 graus, 12 de setembro de 2010.

sábado, 11 de setembro de 2010

Poema.

Devo ser anormal,
pois gozo no poema!
Toda vez que parto me transfiguro
Se continuar partindo e mudando
Hei de ser no fim irreconhecívelmente o mesmo!

(11 de setembro de 2010)

domingo, 5 de setembro de 2010

O outro cosmopolitismo de São Paulo.


São Paulo é inegavelmente uma cidade cosmopolita, talvez a mais cosmopolita do Brasil... Bom isso não da pra afirmar. É difícil comparar cidades e ver qual é a mais moderna ou cosmopolita. Sei que São Paulo é de um cosmopolitismo peculiar, que mostra ao mesmo tempo toda sua diversidade e desigualdade.
Falo do cosmopolitismo dos milhões de nordestinos e nortistas que vivem na metrópole. Nas ruas de são Paulo, sobretudo no centro, aonde pessoas vão e vem o tempo todo pro trabalho, pro metrô, pra escolas, correndo do rapa, etc., temos uma multidão de sotaques, onde prevalece o nordestino (que por sua vez é muito diverso em si mesmo!). São cearenses vendedores de rua, pernambucanos taxistas, pastores de praças alagoanos, garçons paraibanos, paraenses cobradores de ônibus, mendigos maranhenses, camelôs baianos, etc., etc.
À noite na Paulista e na Augusta, em meio à emos, gays, skatistas, prostitutas, burguesinhos, moderninhos, mendigos, travestis, gringos, turistas, drogados, branquelos racistas e skinheads, punks, manos e minas, transeuntes de todo tipo, do mundo underground ao mundo careta, o que existe subjacente é o trabalho de milhares de nordestinos e nortistas que contribuem para o cosmopolitismo urbano. Contribuem em todos os sentidos: por ser a mão-de-obra barata que sustenta com suor o funcionamento de tudo e por contribuir com a miríade de sotaques que ouvimos por todos os lados...
Quando se pensa em cosmopolitismo urbano se pensa geralmente em cidades abertas para o mundo, para o que vem de fora; no Brasil, para o que vem dos EUA e da Europa, nosso modelo de civilização. Esquece-se que o cosmopolitismo é também o cosmopolitismo desigual dos migrantes pobres, dos trabalhadores, da ralé. Nem todos os nordestinos ou nortistas são pobres e excluídos, é verdade, mas muitos sim, por gerações e gerações fazendo a cidade e sendo esquecidos nela, ao mesmo tempo.
Lembro que a primeira vez que fui a São Paulo um amigo da Bahia falou uma coisa que me deixou atento para nossos preconceitos e, sobretudo, para nossos “esquecimentos” do que é obvio, e que por isso mesmo não pode ser esquecido. Disse ele: “em São Paulo se comemora de tudo, a presença japonesa, a presença italiana, etc. e tal, mas ninguém nunca se lembrou de comemorar a presença nordestina...”
É verdade...! Para o pensamento comum, quem faz a “boa” diversidade da urbe são aqueles que abrem a cidade para o mundo, mas nunca aqueles que constroem a cidade de baixo pra cima. Estes são vistos como úteis apenas pra limpar banheiro e lavar pratos. Por que não comemorar em São Paulo a presença nordestina ou nortista, já que ela contribui para a inegável modernidade e cosmopolitismo paulistano?
Talvez seja porque não há muito que comemorar, ou pelo fato de que teríamos que lembrar do passado, refletir sobre ele, sobre a condição da metrópole, sobre a condição da desigualdade subjacente a toda modernidade, a todo cosmopolitismo, à toda elegância da dura poesia concreta das esquinas paulistanas...
Ai talvez esteja o avesso do avesso do avesso do avesso do cosmopolitismo urbano...

sábado, 4 de setembro de 2010

Poema a uma amiga.

E por falar em poetas queridos, publico um poema que fiz em resposta à Raquel Costa sobre o ato de escrever.

Poema a uma amiga
Para Raquel Costa

como sabes
nunca fui dado às materialidades do existir
nunca fui dado às prodigalidades inférteis
como já dizia um outro poeta destas bandas
me vale muito mais o devaneio
o que me falta no bolso
- como se eu fosse um poeta do século XIX -
sobra-me nas rodas animadas
nas rodas de pessoas de grosso trato
nas noites meio belas meio tristes
nas noites meio escuras meio claras
nos dias meio cinza meio sol
nas horas meio mortas meio vivas
a poesia me visita sim
vez ou outra
as vezes me arrisco no artefato (às vezes doce às vezes amargo) do verso
às vezes não faço nada
só espero a poesia me bater à porta
como se eu esperasse uma visita
como se fosse a visita de uma amada amiga!
e muitas vezes isso acontece...

13/ abril/ 2009.

PRA VER-O-PESO DE UM VOTO!?

Um poema de meu caro amigo e poeta Márcio Galvão. Este ele me recitou na nossa última reunião boemia no bar Velharia. Gostei muito e por se tratar de um período eleitoral faz mais sentido ainda.

Pra Ver-O-Peso de um voto!?

Conjecturando a cerca das condutas,
Cheguei ao Ver-O-Peso e vi, nas ruas,
Ninfetas prostitutas quase nuas,
Vendendo-se como quem vende frutas.

Banhos-de-cheiro? Oh, quanto mau cheiro!
O Ver-O-Peso, este cartão postal,
Aos poucos transformou-se em bacanal
E hoje exibe “status” de chiqueiro.

Os pobres urubus reciclam lixo
Desde os tempos primórdios da existência,
E agora o lixo está comendo as aves!
Até os urubus já sabem o quanto é grave
Vivermos à mercê da incompetência.

(M. GALVÃO)

Inacabado eu.

Na gaveta de meu armário da memória não há nada, a não ser memória em pó. No pó da gaveta de meu armário da memória não há nada, além de fragmentos. Nos fragmentos da memória não há nada além de sombras e vento. No vento não há nada além de nada e pensamento; e o pensamento, quando abre a gaveta das lembranças do tempo, que corre como o vento, em partículas e fragmentos, encontra o nada do nada do ocaso. Porém se acaso a busca persiste, é porque existe o que procurar... o que procurar, apesar de não ser nada ou ser a ausência do que é... Procurar e se mover, e se mover, no vento, ao relento, fragmento pulsante, pensante, pensamento, desta cabeça pesada, de nada e tudo que procura e é loucura por si só...