terça-feira, 5 de outubro de 2010

Canalha por mim mesmo!

A Canalha era um grupo de amigos que se encontrava nos bares ao redor da Universidade Federal do Pará em idos dos anos 1990. Quase todos eram de história. Quase todos eram muito críticos aos alunos almofadinhas e de classe média e alta que começavam a freqüentar com vigor o curso. Havia uma espécie de aversão aos nerds. Mas quase todos eram também meio críticos aos alunos militantes profissionais (apesar de que alguns acabaram militando um pouco em Centros acadêmicos e DCEs). Todos eram de esquerda e boêmios, ou mais ou menos isso. Creio que todos ou quase todos eram da periferia de Belém.
Nessa historia de não gostar muito de ninguém, todo mundo enchia a cara nos bares da redondeza, sobretudo no bar do Mezenga, que vendia cerveja mais barata e às vezes dava tira gosto de graça, quando sobrava das marmitas que ele vendia.
Neste bar costumávamos falar mal dos nerds e dos militantes (um pouco menos destes últimos) e brindávamos. Por influencia das aulas de historia do Brasil 4, do professor Paulo Watrin, lemos Hilmar Matos e, parafraseando os termos que a elite do XIX utilizava para se referir à ralé costumávamos brindar com frases do tipo: “Um brinde à ralé”, “um brinde a vil ralé que cospe no chão”, “um brinde à canalha, às classes perigosas”, etc.
Alguns professores boêmios nos acompanhavam nestas farras. Com o passar do tempo ficamos com a fama de turma boemia, de alunos legais, mas não nerds (apesar de muito bons alunos alguns!), meio engajados (militávamos muito nas eleições de 1996 até fins de 2000, pelo PT, a maioria), mas não militantes profissionais. Sinais do tempo.
Surgiu a canalha, como identidade e reconhecimento.
Daí alguns viraram poetas ou já eram (chegamos a fazer 1 sarau na universidade), outros professores (praticamente todos de escola pública!), outros amigos sumiram, outros casaram, outros viraram cantores, outros atores. Depois formamos um bloco de carnaval.
Mas todo mundo continua duro e boêmio!
Fim da história!

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