quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Padrão nacional de jornalismo tosco.

Há algum tempo atrás eu assistia os telejornais paraenses, particularmente o “Balanço Geral”, e achava a coisa mais tosca do mundo. Depois que passei uma temporada em Porto Alegre e no Rio de Janeiro vi que era uma tendência da Record: um jornalismo popular e tosco (não só dela é claro, mas falarei apenas dela agora).
Bom, isso não é novidade pra ninguém. Acho que foi Ratinho & Cia. que inventaram isso, ou sei lá quem o fez antes dele. Mas, o que me assustou foi a similitude do modelo Brasil a fora.
Em Porto Alegre o apresentador é um dos mais toscos: ele pula, se joga no chão, gesticula, grita, berra, muge, grune, etc., etc. De praxe, fala mau dos políticos, xinga todo mundo, reclama da violência urbana, fala que a polícia tem que esculachar com todo mundo e reclama quando esta não o faz. Depois fala que a polícia agiu bem em alguma operação quando o “meliante” foi morto, etc.
No Rio de janeiro o apresentador é ninguém mais ninguém menos que o Wagner Montes, o ex-jurado do “Programa Silvio Santos” nos anos 80 (alguém ai lembra?). Segue mais ou menos o mesmo modelo do seu colega gaúcho. Perto destes até que o apresentador do programa paraense é polido – imaginem então!
Dentre as coisas que caracterizam este jornalismo esta uma espécie de “populismo midiático” (reclamar sobre coisas para o povo de forma paternalista e fanfarrona!) e um claro conservadorismo político (críticas aos “direitos humanos”; defesa da pena de morte “pra bandido”, defesa da redução da maioridade penal; visão policialesca da sociedade, etc.).
Deixo o vídeo de um dos momentos mais espetaculares do apresentador do Rio de Janeiro: quando este comenta a morte de três bandidos pela polícia.


Ninguém pode dizer que não é engraçado. O problema é que se trata de jornalismo e não de show de calouros do Silvio Santos!

Ai me fica a seguinte dúvida: o que é pior, o jornalismo polido, civilizado, branco e burguês (que nos aliena todos os dias na Rede Globo) ou o jornalismo tosco e populista de programas como os que citei (que também nos aliena todos os dias)?
Infelizmente em se tratando de jornalismo da TV aberta estamos entre a cruz e a espada!

2 comentários:

  1. Neste caso específico não estou discutindo o conteúdo da matéria que Wagner Montes apresentou, se a ação policial foi ou não correta, se houve ou não violência policial, etc. Discordo e critico apenas a maneira espetaculosa e populista da apresentação.
    Nem tão pouco estou discutindo a simpatia, o caráter pessoal, a personalidade privada dos apresentadores. Discuto-os enquanto pessoas que exercem uma função pública como apresentadores de telejornal. O caráter público é que esta sendo criticado.

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  2. Aqui no Rio de Janeiro, como no resto do país, há uma espetacularização da violência que alimenta uma espécie de terror coletivo. Nessa ideologia que se dissemina há também um dos maiores ataques aos direitos humanos ocorrido nos tempos presentes. A idéia do "bandido bom, é bandido morto" ganha cada vez mais adeptos e esconde as verdadeiras bárbaries do capital. Esse senhor aí acima será um dos deputados federais mais votados do estado segundo as últimas pesquisas. E o PT com medo de enfrentar os barões da comunicação, com medo da falida Globo... Democratização da comunicação já!

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