domingo, 25 de abril de 2010

Cidade Baixa, a Lapa de Porto Alegre, um pouco menos underground.

Porto Alegre tem um bairro chamado Cidade Baixa que é uma espécie de Lapa da cidade. São cerca de 6 ruas, ou um pouco mais, que formam um espaço boêmio bem interessante na capital do Rio Grande do Sul. As principais ruas são Lima e Silva, República, João Alfredo e José do Patrocínio.
As ruas ficam estrategicamente localizadas próximo ao Centro e à espaços de lazer como o Parque da Redenção.
Na noite da Cidade Baixa tem de tudo, barezinhos vanguardas como o “512”, espaços de rock como o “Dr. Jekyll”, vários pubs onde rolam, sobretudo samba rock ao vivo como o caso do “Negra Frida”, etc., etc.
Um lugar muito interessante é o bar Vangogh, que é conhecido por amanhecer aberto, recebendo todos os boêmios que restaram dos demais bares do bairro.
Acho que poderíamos fazer uma comparação entre a Cidade Baixa de Porto Alegre e o tradicional bairro da Lapa no Rio de Janeiro. São espaços muito parecidos por um lado, sobretudo pelo fato de que ambos têm vários bares, dos mais caros aos mais baratos, uns ao lado dos outros em uma grande extensão de ruas, sempre com muita gente indo e vindo, o transito muito engarrafado, principalmente aos finais de semana, etc. Porém, a Lapa a meu ver tem um elemento bem característico do Rio de Janeiro e de sua boemia: uma espécie de aparente decadência e “sujeira”.


Cidade Baixa, Porto Alegre.

A Cidade Baixa é aparentemente mais “limpa”, “higienizada”, ou seja, é freqüentada por um público (aparentemente!) mais homogêneo, de classe média e alta. Não que lá não tenha, por exemplo, mendigos, pedintes, moradores de rua, etc., mas sobre este elemento falarei em outro texto. Já a Lapa é uma mistura de vários mundos muito mais evidente. Lá temos os bares chiques da elite carioca como o “Carioca da Gema” e ou a danceteria de Carlinhos de Jesus, mas ao mesmo tempo temos a boemia de rua, com bares “pé sujo”, artistas de rua tocando rock, funk, grupos de percussão afro, vendedores de LPs antigos, maconheiros de guetos, turistas de todos os lugares do mundo, muitos meninos de rua, uma imensidão de carrinhos de todo tipo de comida de rua (churrasquinho, sanduiches, latinhas de cerveja, etc.). Sem contar que a própria aparência dos bares da Lapa já nos remete a um “tempo antigo”, algo do passado.
Parece que vamos encontrar a qualquer momento Cartola, Noel Rosa ou Madame Satã circulando pelas ruas sujas do bairro. Parece que temos saudade de um tempo que não vivemos. Provavelmente porque a memória boemia do Brasil em grande parte se dá a partir do Rio de Janeiro.
Me pergunto por onde andaria Lupicínio Rodrigues nas noitadas boêmias em Porto Alegre. Será que a Cidade Baixa de seu tempo já era "o" local da boemia da capital?
São lugares muito legais, cada um com o seu charme, mas ambos eminentemente boêmios. Não é uma questão de um ser melhor ou pior que o outro, é apenas uma questão de diferença. Quem puder tome uma cerveja na Cidade Baixa, ou circule pelas ruas chiques e decadentes da Lapa. Ambos os passeios velem muito a pena, já que a boemia também é um espaço pra devaneios como estes.

Um comentário:

  1. No tempo do Lupicínio, a boemia era na Cidade Baixa, mas mais perto do Menino Deus, da praça Garibaldi e da Ilhota. Tipo, perto do início da João Alfredo. Nos anos 70 e 80 a boemia era no Bom Fim, do que resquícios atuais são o Ocidente e a Lancheria do Parque. Nos anos 90 e 2000, voltou para a Cidade B(a)ixa.

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