terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Manual para entrar na Academia Brasileira dos Bons, nas artes e na ciência.

Aula 1: palavras e posturas que se devem evitar:
1. Classe: Não use a palavra “classe”, sobretudo se ela for seguida da palavra “social”. Não há a menor classe em usar o termo “classe”, sem contar que está fora de moda na Europa e EUA. Quanto ao termo “social”, para você ser bem sucedido, socialmente falando, se é que vocês me entendem, é preferível usá-lo adequadamente. Como por exemplo na frase: “fazer um social”. É muito bom usá-la na companhia de um bom vinho ou uísque e em ambiente sociais;
2. Pobre: evite ao máximo usar o termo pobre, não é elegante e academicamente é um termo vazio de significado sociológico - se é que vocês me entendem. Ora, ser pobre não significa ser infeliz. Programas de TV como os da Rede Globo, as telenovelas em geral, sobretudo as do Manoel Carlos ou os programas como o “Central da Periferia”, já mostraram que o pobre em geral é alegre e festivo. Sabe-se que o samba, por exemplo, surgiu em lugares de muita pobreza. Isso comprova por A mais B que o pobre, o bom pobre, comportado e feliz é, independente de qualquer coisa, muito feliz! Neste sentido, usar o termo pobre além de ser sociologicamente impreciso não fica bem do ponto de vista acadêmico. Prefira um termo como “margens” ou “interstícios”. Veja como soa melhor: “nos interstícios da cultura, nos não-lugares da cidade as camadas populares vivem e constituem sua cultura”. Bonito! Assim, podemos usar “camadas populares”. Talvez não seja tão adequado, mas como não me lembro de algo melhor vamos deixar assim mesmo por enquanto.
Ainda sobre o termo “pobre”, não custa nada lembra o que Tom Zé falou há muitos anos atrás, referindo-se a lições de etiqueta na sociedade moderna: primeira lição deixe de ser pobre, pois isso é muito feio!
3. Se você for poeta e não acadêmico em termos científicos, se é que vocês estão me entendendo, é bom usar termos consagrados pelas ciências ocultas das Musas. Permita Mnemosine que eu me lembre agora... Invoco as Musas do divino monte Hélicon neste momento sublime... ah lembrei! Exalte sempre a Lua, isso é infalível; fale da natureza, em termos gerais, alem da Lua, fale de rios, de matas, de exuberância da vida nas formas naturais. Exaltar o amor nunca é demais e é formula consagradíssima...
4. Exaltar a cultura popular e as manifestações do folclore também é uma alternativa viabilíssima, contanto que não usemos termos como “pobres”, “classe” e “classe social”, principalmente a última. Isso serve tanto para acadêmicos científicos, como para poetas e literatos em geral.
5. Aos entendidos da música a tendência é ser moderno sendo antigo. Um pouco de atitude blasé faz sempre bem. Exemplo: faça um rock com guitarras estridentes, com uma letra aparentemente desinteressada, de um tema cotidiano, blasé, tema de amor, coisas do tipo. Dê pitadas bossanovistas, coloque uma porçãozinha de Beatles, fica muito bom... Mas por favor, insisto, não use termos como “pobre”, “classe” e muito menos “classe sociais”...
6. Bom, voltaremos a tratar das tendências do mundo moderno, digo pós-moderno... Um rápido parêntese: está muito na moda ser pós-moderno, é tendência na Europa e EUA desde os anos 60... Mas, de maneira geral, seja feliz, seja alegre com a vida, sejamos como os “populares”. Aliás, ame os “populares”, essa é a tendência geral, goste dos populares, pesquise os populares, conheça os populares, vá a bailes populares, faça poesias e músicas pautadas nos populares. É de lá que vem a grande inspiração para o que somos. Mas, como já disse, evite usar termos como “pobre”, “classe” e “classes populares” isso não é elegante, poético ou sociologicamente acadêmico, se é que vocês estão me entendendo...!

4 comentários:

  1. Pra ser bom só interessa ter dinheiro mesmo. O resto pode ser lugar comum. Quanto à nomenclatura das classes desprovidas das vantagens que o dinheiro pode oferecer... sinceramente, não interessa sequer serem lembrados. Há muito tempo a gentalha não interessa mesmo ;)

    Gostei do post.

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  2. Meu caro amigo, acredito que andaste dando consultoria de etiqueta à vários artistas e cientistas da atualidade, e parece que eles seguiram todas as vírgulas e pontos que você escreveu, se é que você me entende. Eu que arrisco-me na prosa e verso enquanto não entro para o meio acadêmico, gostaria de um auxilio seu. Sempre que invoco Erato não consigo sua inspirarão, acho que ela ficou com ciúmes do meu flerte com Clio. Pode um pobre mortal ter a ousadia de ser digno dos galanteios de duas das nove musas. O que faço para não cometer nenhuma gafe quando estiver entre amigos artistas e acadêmicos.
    Desde já agradeço os sábios conselhos.

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  3. PS: Na pressa em posta o comentário acima, esqueci de colocar dois pontos de interrogação quando fiz as perguntas. rsrsrs

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  4. PS 2: E na pressa de postar o texto acima esqueci de colocar a letra "r" na palavra "postar".
    Acho que isto ficou muito blasé!
    rsrsrs

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