sábado, 11 de junho de 2011

Olhos do fundo!

Hoje às 01h30min da manhã minha amiga Vânia Ferreira da Silva ligou dizendo que estava vendo o luar no espelho d’água do rio Caeté, em Bragança. Curiosamente naquele exato instante eu tinha me afastado da multidão no bar Palafita e estava sozinho olhando o luar no espelho d’água do rio Guamá.
Estava exatamente na entrada do rio Guamá, ou na boca do rio como se diz no interior. A lua tinha me envolvido naquele instante e acabei indo instintivamente, tal qual o labisônio, observar o rio e a ela mesma, a lua.
Essa coincidência só pode ser explicada pela conexão espiritual das amizades ou então pela ação das entidades da encantaria, que possivelmente estavam nos mundiando no mesmo momento LÁ DO FUNDO DO RIO!
O que será?
Paes Loureiro costuma falar dos olhos que nos observam constantemente dos fundos dos rios, dos fundos das matas, do breu destes dois ambientes. Eu lembro agora das nódoas, das sombras que aparecem e desaparecem nas matas e, sobretudo, nos rios da Amazônia. Quem já fez uma viagem de barco pelos rios barrentos desta região, sobretudo as viagens noturnas, já deve ter se deparado com desenhos misteriosos, manchas dentro do breu, dentro da escuridão úmida da noite, desenhos misteriosos que bóiam das águas caudalosas. Seriam cobras-grandes, boiúnas, as entidades, os encantados, jacarés, cardumes de peixes, sombras das nuvens refletidas pelo luar? Não sei.
Mas sei quase com certeza que o fundo rio com todos os seus mistérios de vida e de morte, atiça a curiosidade do morados das margens, seja nas cidades grandes como Belém seja nos interiores ou nas comunidades ribeirinhas. Lá do fundo do rio com certeza os olhos que nos olham, como diria o poeta, nos chamam também e ficam mais vivos quando a lua esta cheia e vibrante...
Neste momento em todas as partes pessoas param pra ver o rio, param pra olhar e para serem olhadas. E não contentes apenas em contemplarem a contemplação, elas se ligam, mandam e-mails, escrevem textos em blogs sobre o ato do flerte, flerte misterioso e profundo, um flerte com a profundidade das coisas, com a profundidade do não saber, com o breu, com o fundo, quem sabe... com os encantados d’outro mundo!

2 comentários:

  1. Fizeste-me lembrar de julho de 2004, quando fiz um telefonema pra ti de Cametá, onde eu havia ido passar as ferias. Estávamos Vanuza, que na época era minha namorada e hoje é minha esposa, e eu à beira do Rio Tocantins. A lua era total no céu, o reflexo do luar no rio deixava os pequenos detalhes dos mururés mais visíveis. Lembro-me que nessa hora quis dividir aquele momento, era uma necessidade de deixar gravado, de alguma forma, na memória de mais alguém além da minha e da Vanuza. Teus amigos gostam de dividir os momentos poéticos contigo.

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  2. Pois é Ida, nem tava lembrando desse dia, mas lembrei agora. Temos que manter este costume de dividir coisas boas entre os amigos. Valeu meu querido!!

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