terça-feira, 24 de julho de 2012

O "treme"

O recorte da cultura popular é horizontal. Daí o sentido da palavra “popular”! Quando os intelectuais verticalizam o popular em demasia, ela tende a folclorizar-se ou literarizar-se (literatura "canônica") excessivamente. Outra forma de verticalização excessiva é indústria cultural - que é diferente da simples e pura comercialização, circulação. Nos dois casos perde-se o vínculo com a cultura popular viva e dinâmica e ela é congelada no tempo, torna-se artefato do passado, museu – ou vira mercadoria! A perda do sentido de horizontalidade leva à perda do sentido de continuidade histórica da cultura popular. Daí que muitos intelectuais não reconhecem o popular do presente, enxergam-no apenas e exclusivamente como lixo ou indústria cultural. Daí que o caboclo é sempre visto remando e pescando e nunca transformando tecnologia em artefato cultural. Que há indústria cultura isso é obvio, mas será que isso explica toda a complexidade da coisa. Parece que esqueceram que o mesmo caboclo que dançava carimbó nos anos 60 no Jurunas é o que dança o treme em toda a periferia da cidade atualmente (guardadas as devidas proporções históricas e geracionais)!

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