sábado, 14 de abril de 2012

Percebo que parte dos artistas e intelectuais paraenses ainda faz uma demarcação oficial e verticalizada de cultura, é o paraensismo em exagero. Tudo que está dentro das demarcações oficiais do que seria o Pará é exaltado ao extremo! Creio que a demarcação não deveria ser essa, deveria ser horizontal, popular. O que faz a riqueza cultural de qualquer região é a cultura do povo, e o povo não tem uma demarcação necessariamente “estadual”. Não é ser paraense que faz a nossa cultura rica, é ser popular. O carimbó é rico por ser negro, indígena, mestiço e popular, não porque ele é do estado do Pará. Os tambores negros, por exemplo, não usam identidade estadual, nem nacional, eles são fruto da resistência negra, não são demarcados pelo “Estado”. A riqueza potencial do tecnobrega é o fato de ele ser em sua origem eminentemente popular e periférico, mediado obviamente pela cultura de massa, como tudo no mundo moderno. Reproduzir “regionalismos”, “paraensismos”, “carioquismos”, etc., etc. é demarcar o popular pelo que ele não é, é demarcar pelo “oficial”, é limitar o que é mais característico da cultural popular: a tensão que a separa (ao mesmo tempo que se relaciona) da cultura oficial e massiva.

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