segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Praça da República: Praça da RES PUBLICA!

Uma das coisas que mais me aborrecem é o posicionamento conservador da juventude, de pessoas jovens. Não que jovens tenham que ser moderninhos, vanguardas, de esquerda, revolucionários, a favor da legalização da maconha ou coisa do tipo. Existem outras clivagens: de classe, de gênero, de religião, de convicção partidária, etc, etc.
Mas fico puto da vida quando tô no twitter e vejo frases do tipo:

“Se puta fosse bala e viado fosse fuzil, a praça da República estaria pronta para defender o Brasil”

Pra quem não sabe a Praça da República em Belém é o espaço da diversidade por excelência: lá se encontram os adeptos do Heavy Metal; os Emos; dependendo do horário, as prostitutas que ganham a vida nas redondezas; o boi-bumbá aos domingos de junho; os festivais de ópera que ocorrem no Teatro da Paz; o Bar do Parque, onde na década de 60, 70 e 80 intelectuais, políticos de esquerda, artistas de todas as tendências se reuniam pra fazer arte e contestar o Regime Militar; etc., etc.
Foi o espaço do famoso Festival de "Rock 24 horas", que ocorreu no início da década de 1990. Hoje, concomitantemente à transladação do Círio de Nazaré, ocorre o "Cirial", festival de rock e música alternativa que vai até o amanhecer no anfiteatro da praça.

Praça da República

A praça é também o espaço da Festa da Chiquita, que há mais de 30 anos (se não estou enganado com as datas) ocorre ao lado do Teatro da Paz, e que nos últimos anos tomou uma característica de afirmação dos movimentos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT), etc. Por lá passa também a “Parada Gay”, todos os anos.
A Praça da República em Belém faz jus ao seu nome. RES PUBLICA vem do latim e quer dizer “coisa do povo”. Curiosamente lá está o que parece ser a única estátua de Marianne em todo o Brasil. Marianne foi o símbolo da liberdade, igualdade e fraternidade durante a Revolução Francesa.

Festa da Chiquita, ao lado do Teatro da Paz.

Recentemente no twitter a sujeira da praça também foi alvo de críticas. Acusaram os “arruaceiros” freqüentadores de fazê-la suja. Bom este argumento é no mínimo idiota. A praia de Copacabana no Rio, por exemplo, recebe milhares de pessoas aos fins de semana, mas no fim de cada dia vemos carros da prefeitura limpando a areia, recolhendo o lixo, etc. Talvez se houvesse uma coleta eficiente de lixo na cidade de Belém a praça não ficasse tão suja.
Por mais que um ou outro freqüentador exagere no uso da praça, jogando lixo onde não deve e coisas do tipo, nada justifica o preconceito aos seus freqüentadores, sejam eles LGBTs, roqueiros, Emos, prostitutas, etc. etc.
É triste ver jovens reproduzindo preconceitos tão banais em ralação a outros jovens freqüentadores das praças.
A Praça é do povo, como já disse o poeta! E é também da juventude de Belém. Homofobia é preconceito, discriminação, conservadorismo, ignorância, idiotismo, etc.
Por isso que reafirmo aqui: viva a diversidade da RES PUBLICA, da Praça da República. Longa vida a um dos espaços mais democráticos de Belém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário