Em 2008 o "Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão!" foi pra rua pela primeira vez durante o carnaval. Na época fiz um pequeno texto que iria sair em jornalzinho de Ananindeua (Região metropolitana de Belém), nem lembro se foi publicado ou não.
Seja como for nosso bloco de carnaval de rua já vai para o 4º ano de atividade, e já pegamos um pouco de experiência neste tempo. Agora já existe concurso interno pra escolha de marchinhas, temos a presença de artistas de outros grupos como o Boi da Terra, o Movimento Literário Extremo Norte (MLEN), o Grupo de samba À corda Bamba, que nos dão apoio, etc. Mas mantemos a sátira e a crítica social como principal característica.
Sexta, dia 03 de setembro, às 19:30, estaremos no programa da TV Cultura, "Cultura Pai D'égua", no lançamento de um clip do Grupo Senta a Peia, junto também com o MLEN. Quem puder assista o programa.
Deixo abaixo o texto que fiz para o primeiro ano do Bloco, que conta um pouquinho de com ele surgiu.
A fantasia campeã de 2010: Cris com "Eu sou neguinha"
"Lançamento do Bloco da Canalha em 2008.
Numa mistura de bom humor e um dose de sátira o “Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no cão” saiu no seu primeiro ano de carnaval pelas ruas do bairro da Cidade Velha em Belém. O cortejo ocorreu no dia 27 de janeiro e levou pra rua um grupo pequeno mais muito alegre de brincantes que caminharam dançando e cantando antigas marchinhas carnavalescas e a marcha oficial do Bloco, que tinha como tema este ano o PAC. O bloco saiu do bar Le Chat Noir, na Avenida 16 de Novembro com Triunvirato por volta das 18 h e se dirigiu para a Praça do Carmo onde ao encontrar outros blocos carnavalescos encerrou seu cortejo. Tudo começou como a maioria dos blocos de carnaval, como uma grande brincadeira. Um grupo de amigos, quase todos ex-estudantes do curso de história da UFPa, resolveu aproveitar os seus constantes encontros boêmios para fundar um bloco carnavalesco. Com um mínimo de organização contrataram uma bandinha, um carro-som, conseguiram apoio para cartazes e panfletos e colocaram o bloco na rua, literalmente.
Bar Velhharia
O nome do bloco decorre ainda dos tempos de universidade. Após as aulas o mesmo grupo de amigos costumavam se encontrar nos botecos das proximidades da UFPa, no Guamá. Influenciados pelas aulas de história e discutindo sobre a história do Brasil costumavam brindar “à canalha: a vil ralé que cospe no chão”, uma das denominações que a elite do século XIX usava para se referir preconceituosamente ao povo, assim como outros termos como: “as classes perigosas”, “o populacho”, “a turba”, “o povinho”, etc. De tanto brindarem à ralé, ao povinho, às classes perigosas e principalmente à canalha o grupo acabou ficando conhecido como A Canalha. Daí que, anos mais tarde, o bloco carnavalesco recebeu o nome de "Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão". A ironia, a sátira e o bom humor ficaram por conta da marchinha carnavalesca, de autoria de Osvaldo Santos e Tony Leão, que tinha como tema o PAC. Mas não era o mesmo PAC que estamos acostumados a ouvir falar pelos jornais, o Plano de Aceleração do Crescimento do governo federal. O PAC do Bloco da Canalha é, na verdade, o Plano de Aceleração da Canalha, que poderia muito bem ser traduzido como Plano de Aceleração da Ralé, ou do Povinho, ou das Classes Perigosas, ou do Populacho, etc. Neste plano o carnaval, como momento de subversão da ordem se torna a ocasião para a canalha “acelerar o seu crescimento” já que, como diz a letra da marchinha, todos os impostos serão gastos no carnaval: Plano de Aceleração Canalha/ Neste plano você não se vai se dar mal/ Já que todos os recursos/ Serão gastos no carnaval/ Plano de Aceleração Canalha/ Nosso PAC não é nada mal/ Pois no PAC da canalha/ CPMF vai toda pro carnaval/ PAC, PAC, PAC, PAC!/ Plano de Aceleração Canalha/ PAC, PAC, PAC, PAC/ E o carnaval de nossa gentalha...
Poeta Eliana Barriga, uma das candidatas no concurso de fantasia
Ano que vem, informam os organizadores, o “Bloco da Canalha: a vil ralé que cospe no chão” sairá novamente no carnaval, com uma bandinha tocando marchinhas antigas e uma nova marchinha oficial, com novo tema a ser ainda escolhida pelos integrantes. E desde já convidam a todos: já que o carnaval é hora de subverter a ordem, hora da farra, hora da turba ir à rua, da balburdia organizada - já que “me organizando posso desorganizar e desorganizando posso me organizar”, como diria Chico Science - momento no qual bulhas, vozerias, batuques, carimbós e sambas são permitidos. É também a hora que a canalha, a vil ralé que cospe no chão, que fica calada o ano todo, dá passagem pra ironia e pro carnaval."
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