quarta-feira, 11 de agosto de 2010

3 poemas concretos regionalistas e um glossário!

1. Poema concreto regionalista amazônida:

Camarão com
Açaí
É bão!

2. Poema concreto regionalista amazônida suburbano:

A Terra Firme
Alagou
Na última chuva.

3. Poema concreto regionalista amazônida suburbano marginal:

Matinta-Pereira
Foi presa
Com um baseado
Na Ligação.



Glossário:

Açaí = Açaí com farinha. Comida típica da população ribeirinha, de pequenas cidades e de áreas suburbanas das grandes cidades da Amazônia. É comido juntamente com alimentos como camarão, charque frito, peixes, frango, etc.

Bão = Bom.

Terra Firme = Bairro onde moro. Periferia de Belém. Antes considerado o bairro mais perigoso da cidade. Terra Firme é na Amazônia um lugar não alegável, diferente de várzea. Mas, o Bairro da Terra Firme tem este nome pois tinha uma pequena área onde existia um campo de futebol. Era a única área no meio do mato que não alagava, daí ter ficado conhecida como o "campo da Terra Firme". O bairro ganhou o nome, mas tem muitas áreas de várzea, alagáveis. Assim como não tem os equipamentos urbanos dignos à população carente que lá vive.

Matinta-Pereira = Ser mítico das florestas e cidades pequenas da Amazônia. Mulher velha que se transforma em pássaro obscuro, sobrevoa as casas dos caboclos pedindo tabaco e dando um forte e tenebroso assovio: “Fiotíiiiiiii Mantinta Pereira!”. Diz-se ser de origem mitológica indígena. Cultuada pelos intelectuais e pseudo-intelectuais regionalistas que acham que falar do “povo”, estereotipando-o em poemas, livros e outras coisas, equivale a se redimir perante sua condição pequeno-burguesa.

Baseado = Maconha.

Ligação = Uma das ruas mais perigosas do Bairro da Terra Firme em Belém. Chegou a ser vista como a mais perigosa do Brasil em matéria do Jornal Nacional da Rede Globo. A periferia de Belém existe para além dos poemas que falam de peixe, rios, lua, etc.

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