Do fragmento
I - Prelúdio
Eis o tempo do fragmento
Eis o tempo do pueril
A atmosfera é pesada e poluente agora
A arte se tornou a Arte
A Arte não precisa mais de nada, é a metafísica do novo idealismo
O discurso separou se definitivamente da voz
A voz que grita já não é mais a voz que fala
Há muito que o símbolo é mais importante que a dor
De todos os lados surgem profetas da incoerência
A meta-linguagem é agora o meta-poder
Tudo é líquido, tudo é fluido, tudo e sórdido
Os olhos arregalados dão a direção
Deus-imagem-mercadoria-meta-discurso tudo vê, tudo sabe, tudo sente, tudo é
Tudo é possível, menos a realidade
Tudo é provável, menos o real
Tudo é poder, mas não temos mais poderosos
Todos os tecidos estão rompidos
Todas as teias criam imagens do fragmento
O fragmento é a razão das coisas agora
O homem-lâmina caminha sossegado
O homem-reluzente, translúcido, transparente, transbordado de informações
É ele a própria mercadoria
Tudo é partícula agora
O íntimo é um espelho
Banheiras, calcinhas, cuecas, vivemos a pós-modernidade do lingerie.
“Tudo que é sólido desmancha no ar”
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