terça-feira, 22 de junho de 2010

Poema.

Como vocês sabem - meus poucos e bravos seguidores deste humilde blog - coloco de vez em quando, aqui, poetas que gosto bastante. Hoje apresento uma poetisa nova, chamada Maria Meireles Coralina.
Espero que gostem:

Ponho-me a rir porque não tenho mais esperança de choro sincero,
Rio à toa porque meu riso não é mais de felicidade
Às vezes penso que é com tristeza que assistirei minha partida
Partirei em mim, de mim, em paz,
Ou uma sombra pousará sobre meu corpo
Gélido como já é
Não sentir nem o mais abrupto desejo, seco, seca
Como uma rocha, uma pedra, gélida
Não terei surpresas em meu coração
Não sentirei mais essa dor, esse incomodo,
Tumor de vida que cresce e desabrocha como um espinho tardio
Uma primavera passada que rememora meus mais íntimos desejos
Meu ser que não é,
Meu devir que não deve
Não ser em mim
E em mais nada
E em mais ninguém
Perpetuar esse estado lânguido
Sombras, rochas, volumes, primaveras e invernos
Seqüência de uma existência que deve ao acaso
Caso de existir sem querência

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