Minha cara amiga Alanna, como andas?
Espero que estejas bem ai em terras distantes de tua natalícia morada.
Escrevo-te esta breve carta, ou e-mail como dizem nos dias de hoje, apenas para devanear sobre assuntos vãos. Tenho percebido que nos dias de hoje as pessoas não costumam perguntar como estão as outras pessoas queridas, mais ou menos queridas ou mesmo conhecidas. São os tempos modernos... na verdade os pós-modernos. Essa tal de atitude blasé de que fala Simmel às vezes me enche o saco.
Imagino que deves estar te deparando constantemente com ela. São os sinais do tempo. Tu que és historiadora deves saber lidar com o tempo, ou não?
Bom, disse uma vez um crítico, acho que foi Fredric Jameson, que os historiadores sofrem de um sério problema de falta de historicidade. Eu concordo com ele, o nosso mau é o falta de noção sobre o tempo, sobretudo o nosso próprio tempo... Bom, como sabes os marxistas ainda são os melhores...
Mas esta não é um ensaio sobre a vida moderna. Gostaria de saber como está a tua vida, quero saber coisas banais que talvez nem tenha intimidade para perguntá-las. Por exemplo: tomaste café da manha hoje? O que terá pro almoço? Como foi a noite de sexta? Qual e a temperatura em Curitiba?...
Quanto a mim, quero dizer apenas que amanheci ouvindo Roberto Carlos. Ouvi recentemente de uma amiga que temos três fazes em relação ao “Rei”: a juventude na qual o negamos radicalmente, uma fase intermediária na qual começamos a ver que ele tem algum talento e a fase final, da suposta maturidade, na qual percebemos que ele é bom pra caralho!... Parece-me que estou na transição para a terceira fase (risos).
Pensando nisso me pergunto se te escrevo inspirado na frase de Roberto: “Como vai você? Eu preciso saber da tua vida...” Sei lá que vontade imperiosa me acometeu...
Bom, no mais as coisas estão boas por aqui. Espero que esteja o mesmo por ai. Deixo beijos saudosos para a amiga e espero vê-la em breve.
Tony Leão.
Belém, domingo, Terra Firme, 30 graus, 12 de setembro de 2010.
Não fale assim que me apaixona(com todo respeito a comadre digníssima Lari) não resisto a uma intervenção histórica bem articulada rsrs. Estou bem, e , de fato, deparo-me com situações "blasé",de "soberba" e até mesmo um "Bom dia" a um vizinho pode significar uma invansão de privacidade, enfim...Mas há pessoas acolhedores, também...gente da política petista das "antigas" e um amigo "Alemão" do Norte do PR, simplesmente, maravilhoso!Sem contar meu orientador,só ele já valeria o sacrifício de estar "solitária" nessas terras...
ResponderExcluirE já que você está se referindo ao tempos e seus processos, lembrei de Pierre Norra que chama o Presente de "evento monstro", porque ele é multiforme e multívoco,sendo ao mesmo tempo tudo(Passado e futuro) e quase nada, por estar sujeito a tirania do imediato, acredito que ele tinha razão,e sua reflexão,meu caro, do presente é uma prova disso.Mesmo sendo uma historiadora que se debruça num passado longínguo de terras coloniais, mesmo nesse passado,verifica-se o seu "presente" recomposto de outras épocas...plural,rico e,quiçá, atento ao futuro!
Sobre os Marxistas, sabes que sou suspeita a falar,pois me vem a cabeça Hobsbawn,e aquela magnifíca obra,Sobre História, que versa muito do que estamos falando agora...o tempo e sua historicidade.
Referente ao Roberto Carlos, você e meu almoço de hoje(Mioje com tequitos, não sei fazer outra coisa mano rsrrs, zero na cozinha) reflito que mesmo por serem simples(mas complexos) não deixam de serem deliciosos... de ouvir(Roberto), dialogar (você) e comer(miojo com tequitos).
Fico contente de conversar com alguém, um amigo que se propõe a mudanças, a rever conceitos e aceitar o "novo"...sigo essa linha, também,e não vejo problema de mudar de opinião!
E saiba que quando quiseres dar um pulo em Curitiba,ficarei por aqui até Dezembro "mi casa su casa"!De qualquer forma estarei por aí em outubro...
Por aqui finalizo essa nossa leve correspondência,retribuindo o carinho, o beijo e a lembrança!Té breve!Au revoir!Bisous!
Curitiba, Centro,22 graus,12 de setembro de 2010.