Certos prefácios de livros são
tão engraçados na medida exata em que são incompreensíveis. Por exemplo, há uma
grande tendência em ser obscuro e enigmático ao se analisar o autor prefaciado.
Se o autor for difícil de ler, o prefaciador deverá ser difícil ao quadrado!
Quando não, para ser o mais exótico e antenado possível, cita-se um autor que ninguém
conhece, que é complexo e pós-moderno (ou obscuro e maldito no pensamento
hegemônico), pra iniciar a análise sobre o autor prefaciado. Eu, se um dia
escrever um livro, quero que meu prefaciador comece assim:
“Como considera Songtsen Wangchuck,
para o caso dos poetas da escola de Dniestre,
a poesia moderna supera a condição do conteúdo, na medida em que a forma informa
certo conformismo desinformante sobre a condição imanente do poeta (que ao
poetizar induz ao erro exatamente por acertar!); deformando qualquer conteúdo.
O poeta está não estando, estandardizando (ou escandalizando, quem sabe?) a
imagética de seu próprio grito mudo! Ao colocar no papel (ou no ciberespaço,
cósmico, êmico, ético, ou pôr o pó-ético da poesia?) um grito mudo, do não
dito, nem escrito, nem muito menos pensado, faz o poeta um esforço numinoso do
ser o não ser de si mesmo, revertendo e, quem sabe, reverberando a hipérbole (a
hipotenusa, o catete do octógono semântico – que me perdoem Nietzsche, Foucault e
o incompreendido Paulo Coelho [Paulo Coelho morreu?! – Viva Paulo Coelho!!]) da
danação da arte! Assim é (em não sendo) o poeta nessa sua nova condição de
canto da sereia desacompanhado de “pastilhas Valda” da condição do ser, ou cera
do ouvido de Ulisses em frente do não lugar da viagem! Ora, quem não viaja é
por que ficou, já o disse Joyce...
Pois assim também é a poesia de T...”
Vai ficar tão
legal!
Vai ficar tão legal que na
segunda edição de meu suposto livro, vou publicar apenas o prefácio! Ou quem
sabe, ainda, vou me dedicar a prefaciar prefaciadores!
E tenho dito!
Hilário!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkk