O Abril é vermelho porque o céu é azul,
e sempre haverá esperança!
O Abril é vermelho, pois o chão tornou-se rubro pela mão do homem!
O Abril é vermelho, pois a enxada e a foice que deveriam fender o chão
e semear a terra
precisam estar levantadas, lutando, defendendo-se das balas de quem deveria proteger o povo!
O Abril é vermelho porque o povo sangra.
O Abril é vermelho porque a natureza sangra
e na Amazônia as terras indígenas, as comunidades quilombolas, as comunidades ribeirinhas, os pequenos agricultores são expulsos de suas terras
- pelo latifúndio, pelas barragens, pelos grileiros, pela polícia alienada e violenta, pelos poderosos de plantão;
pelas famílias que alimentam o trabalho escravo e pelos políticos conservadores e corruptos;
pelos mesmos nomes que aparecem nas TVs e Jornais das colunas sociais país a fora...
O Abril é vermelho porque o povo não tem medo, apesar das baixas.
E é vermelho porque os sonhos não envelhecem, mesmo que envelheçam os homens.
O Abril é vermelho porque a terra não é mais verde,
e porque o céu está cada vez mais calcinado,
e porque os mesmos velhos de sempre ainda estão no poder!
O Abril é vermelho e será vermelho, porque a luta dignifica o homem - e não o dignifica a exploração e o trabalho escravizado, nem tão pouco a mais-valia e a coisificação!
O Abril é vermelho porque em pleno século XXI me vejo forçado a usar palavras de séculos passados, como mais-valia, escravidão, alienação do trabalho, massacre, El Dourado!
O Abril é vermelho porque tombamos todos os dias
- o Abril é vermelho porque muito mais que 19 morreram, morrem e morrerão
- mas é vermelho, sobretudo porque levantamos,
mesmo que, àqueles que matam, pobres, pretos, índios, caboclos, mulheres e homossexuais sejam vistos como o feio da sociedade.
Não queremos essa beleza e muito menos esses valores putrefatos!
Queremos a beleza de uma terra verde, nossa!
A beleza do povo como ele é!
Mas que só surgirá quando o sangue deixar de banhar o chão!
Só depois disso o Abril deixará de ser vermelho!
E então, quem sabe neste dia, novos outubros virão!
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