"Não nego a riqueza e a autenticidade do samba, do baião ou do carimbó, mas às vezes esse vertente do pensamento leva à idéia de que a cultura feita pelo povo é algo “natural” e “congelada” e não pode mudar nunca. Ou seja, se o “caboclo urbano” pega um curimbó (principal instrumento do carimbó) e começa a tocar e cantar, falando de rios e pesca, de pássaros e marés, ele estaria perfeitamente colocado na categoria de “povo autêntico” do Pará e da Amazônia; mas, por outro lado, se este mesmo indivíduo, morador da Terra Firme ou do PAAR, do Jurunas ou do Benguí, adquire um computador e um moderno programa de edição de som, pirateado e vendido nas feiras livres da cidade, e faz um tecnobrega, ele automaticamente deixaria de ser visto como o “legítimo e autêntico caboclo amazônico” e passaria a ser visto como um desprovido de valores estético e de educação.
Esta visão congela a história, pois vê o povo como uniforme (o que já é um erro!) e preso a valores vistos como autênticos e estáticos, que não podem mudar nunca. Ao povo não é dado o direito da mudança, de ter acesso a tecnologia, por exemplo, pois se o tem é porque seria vítima da indústria cultural, seria ingênuo e não saberia o que faz, deturpou a sua própria cultura. Ao povo é dado o direito de ser apenas a visão pacata e tranqüila do folclore nacional".
Esta é a última parte de meu texto sobre tecnobrega que foi publicado no site Ponto Zero. Integra do texto está no site obviamente. Leiam!!
Saravá!!
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