Nossa Senhora de Nazaré abençoa os pobres, caboclos e índios da Amazônia. Proteja-os das hidroelétricas que matam rios (a biodiversidade e o modo de vida das populações nativas). Proteja-os dos conflitos de terras nas áreas dominadas por grileiros, multinacionais, agronegócio e madeireiros.
Corrija a justiça provinciana que criminaliza movimentos sociais e libera ricos políticos pedófilos da cadeia, assim como nunca coloca atrás das grades assassinos de sem terras, assassinos de lideranças religiosas e de todos aqueles que lutam por uma Amazônia ecológica e popular (muitos desses assassinos sendo representantes do próprio Estado).
Evita que elejamos prefeitos corruptos (que nunca são presos) que acabam com projetos sociais e sucateiam uma cidade inteira.
Auxilia a colocarmos representantes do povo, no congresso nacional e na presidência da República, que tenham de fato um projeto para a Amazônia e que não falem desta vasta região apenas quando pretendem penalizar algum ministro rebelde, ameaçando-o de exilá-lo em tão “distante” selva.
Por fim, minha Santinha, não se deixe iludir por mantos de fios de ouro que te adornam o corpo. Lembre da preferência aos pobres que foi o “signo” deixado por Jesus em pleno Império Romano. Lembre Senhora de Nazaré que o que envolve o núcleo eclesiástico do Círio, onde autoridades eclesiais e políticas observam o andamento da procissão, são os milhares de promesseiros apertados em uma corda de 400 metros de comprimento.
Lembra Santinha que sua imagem conduz a fé, mas é o povo que conduz a sua imagem. São os caboclos, como Plácido, que tomam as ruas da cidade, rios de gentes que conduzem a fé... e conduzem a berlinda... Lembra Senhora de Nazaré que o povo toma a cidade uma vez por ano, saem de suas cabanas interioranas e vem à Belém em seus barquinhos enfrentando as águas caudalosas dos rios da Amazônia...
Lembra Santinha que todos os anos o ritual se renova indicando antigos movimentos de gentes, lembrando antigas ondas de fé e rebeldia, lembrando outras tomadas das ruas, lembrando outros moradores de cabanas, que no fundo são as mesmas gentes que viveram e vivem a opressão dos velhos e novos opressores...
Lembra de tudo isso Santinha e nos abençoa!
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