terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Museu do índio

O museu é do índio, mas o índio ainda está vivo!
O índio ainda respira, ainda pulsa.
O museu é do índio, mas as terras são do Estado.
O museu é do índio, mas as terras são dos latifundiários.
Mais bonito se o índio estivesse na fotografia, bonitinho e emplumado!
Mais bonito se o índio fosse uma criança branca, pintadinha, cantando aos índios em feriados!
Mais bonito se o índio estivesse nos livros, em um passado engarrafado.
Todo dia era dia de índio, mas o índio ainda está vivo!
Agora!
Neste instante!
Em cima da árvore!
Mas aproveitem, não vai durar muito!
O passado é do índio, mas o tempo presente é daquele antigo progresso (enferrujado).
Logo logo, quem sabe, o índio volta para o museu...

Tão risonho quanto empalhado!

PS.: os índios estão vivos, agora, em vários lugares, aqui

sábado, 14 de dezembro de 2013

Protestos contra faixas exclusivas para transporte público, ou de como sofre a classe média!

Essa moça daí da foto, fez um protesto em São Paulo contra as faixas exclusivas para ônibus, argumentando que atrapalham o trânsito dos bons cidadãos que usam carro. Ora, que culpam têm esses cidadãos de terem dinheiro, casa, carros e agregarem valor ao mundo pequeno burguês consumista e individualista brasileiro, não é mesmo?!



Mas, na verdade o que muita gente que pensa mais ou menos como ela, ou quem sabe até ela mesma (hipoteticamente), queria dizer, era algo parecido com essa reconstituição "ficcional" que faço abaixo:

Faz de conta que é a indignada cidadã protestando contra as faixas exclusivas de ônibus. Ela continua:

- "E tem mais, eu acho que temos que acabar com esse negócio de transporte público! Ora, se os nossos negrinhos, ops... digo, se os nossos empregados querem ir pro trabalho, limpar nossos banheiros, engraxar nossos sapatos, quem vão à pé, pra isso tem calçadas. Eles já conquistaram o direito de usarem sapatos, então que os usem indo pro trabalho cedo! Já não basta essas bolsas esmolas para essa gente nordestina desdentada... ops, quero dizer, pra essa gente pobre... Daqui a pouco, além de faixa exclusiva para ônibus, vão querer faixa pra essa gente defeituosa que anda pedindo na rua... ops!, quero dizer, pra essa gente com problemas de locomoção. Se continuar assim, a gente dando direitos pra essa gente vagabunda, ops, quero dizer, pra essa gente pobre, o Brasil vai acabar virando uma Cuba ou a Venezuela... Deus me livre!"

Fim da reconstituição ficcional!

O que falar de tudo isso, né minha gente? Pensei em dar gritos de revolta, mas vou concluindo com um lamentar. Como sofre essa classe média brasileira, como sofre essa gente de bem.

É de dar dó!... de dar dó!

Tive aceso ao caso na postagem do Movimento Pró-Corrupção no facebook, aqui.

Perguntas de um trabalhador que lê Belém.

(em homenagem ao Antonio Lemos)

Quem construiu a Belém belepoquiana? 
Nos livros vem o nome de Lemos.
Mas foi ele quem transportou as pedras de mármore, quem plantou uma a uma as mangueiras hoje centenárias?
Não levava sequer um calceteiro preto, índio, caboclo, pobre, da periferia, para arrumar as pedras por onde passava?
E as óperas do Theatro da Paz, quem as patrocinava?
Nos livros aparecem nomes de nobres locais.
Mas, e os pianos? Carregaram eles mesmos os pianos nos ombros?

Como diria o poeta Brecht:
“Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas"